Google

Saturday, May 31, 2008

GLOBO REPÓRTER – 30/05/2008
Exma. Mídia:
Assistindo a reportagem das proezas de pessoas que com sorte, saíram do nada para uma vida abastada e sabendo que são poucos no universo de pessoas existentes, me veio à mente a facilidade com que a mídia encontrou para mostrar um lado bem sucedido de uma minoria brasileira.Sabemos todos nós que a maioria vivem umas realidades diferentes, que mesmo lutando com todas as forças não conseguiram chegar lá impedidos na maior parte por injustiças e decepções sofridas. Até hoje com 47 anos de vida, nunca vi nenhum desses milhões... Receber destaque em algum canal de TV com tamanho valor ser mostrado ou reportado com tanta ênfase em um programa tradicional e famoso como o Globo Repórter, e, escrevo porque pertenço à classe desses milhões detentores de uma história diferente da mostrada com destaque em Rede Nacional em 30/05/2008. Sendo assim fica uma pergunta ainda sem resposta, porquê? Será meu mundo outro? Creio que não, pois sei que minha história, que é igual a muitas que existem e representa muito para mim, não seja de interesse das grandes reportagens ou até mesmo de opiniões defendidas por “valores” detentoras e patenteadas por grandes conglomerados de comunicação que com reportagens como a divulgada sexta-feira à noite na mídia, se abastece e ao mesmo tempo se sustenta na publicidade de incentivo do consumismo desenfreado seja o produto qual for, alimentando a ilusão e fantasia das pessoas, sendo assim catastrófico para a sociedade no despertamento da busca e cobiça... Sem precedentes daquilo que muitas vezes não se pode alcançar. Escrevo não como um desabafo, mas uma opinião de um cidadão brasileiro que como tantos outros tem uma opinião a ser defendida, mesmo assistindo, outras opiniões formadas e defendidas com unhas e dentes.

Obrigado.

Tuesday, May 27, 2008

Correio Braziliense MEIO AMBIENTE
Greenpeace realiza protesto

Ativistas do Greenpeace realizaram um protesto ontem para cobrar do governo brasileiro maior apoio à criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul. Uma baleia inflável de 15 metros de comprimento foi colocada em frente ao Palácio do Planalto. A ação marcou a entrega de uma petição com mais de 12 mil assinaturas a um representante da Presidência da República. Em 1999, o governo brasileiro propôs a criação do santuário, mas a idéia não saiu do papel.

Correio Braziliense MEIO AMBIENTE
Com a Amazônia, não tem negócio
Lula manda um duro recado aos estrangeiros interessados em fatiar ou controlar a região. Alerta que é necessário combater o desmatamento, mas destaca a importância do desenvolvimento do Norte do país
Ricardo Miranda e Leonel Rocha

Rio e Brasília — Na véspera de dar posse ao novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, que assume o cargo hoje no lugar de Marina Silva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou ontem o mais duro recado aos chefes de Estado, estudiosos e ambientalistas que defendem uma gestão compartilhada das florestas tropicais do planeta: “O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono”, afirmou. “O dono da Amazônia é o povo brasileiro, são os índios, os seringueiros, os pescadores. E nós, que somos brasileiros, temos consciência de que é preciso diminuir o desmatamento, as queimadas, mas também temos a consciência de que é preciso desenvolver a Amazônia”, disse Lula, muito aplaudido, ao discursar na abertura 20º Fórum Nacional do Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Centro do Rio.

No evento com a presença de cientistas e diplomatas de vários países — entre eles os professores Edmund Phelps, Prêmio Nobel de economia de 2006, e Albert Fishlow, da Universidade de Columbia, além do jornalista Roger Cohen, colunista do New York Times — Lula afirmou que não permitirá a segregação das 25 milhões de pessoas dos nove estados amazônicos. Segundo o presidente, essa população não pode ser impedida de aproveitar o desenvolvimento econômico que beneficia o restante do país. “É muito engraçado que os países responsáveis por 70% da poluição do planeta agora fiquem de olho na Amazônia como se fosse apenas nossa a responsabilidade pelo que eles mesmos não fizeram todo o século passado”, afirmou o presidente.

Diante do embaixador do Japão no Brasil, Ken Shimanouchi, Lula disse o “o protocolo de Kyoto já faliu”, e criticou países que nunca referendaram esse acordo internacional para reduzir as emissões de gases poluentes. Lula não citou diretamente os Estados Unidos, país que se recusou a assinar o protocolo. O presidente acusou os países desenvolvidos de terem “preconceitos arraigados” e de montarem “lobbies fortíssimos” contra os biocombustíveis. “O Brasil não se assusta com campanhas orquestradas”, garantiu Lula. Ele também informou que viajará na próxima semana para Roma onde participará da conferência da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O tema principal será a polêmica entre produção de alimentos e de bioenergia.

O presidente lamentou a política protecionista dos Estados Unidos e da Europa contra produtos brasileiros, verdadeira responsável, segundo ele, pelo aumento global do preço dos alimentos — e não a nova matriz energética renovável. Segundo assessores, Lula está particularmente irritado com reportagem do New York Times, publicada na semana passada, em que o periódico pergunta: “De quem é esta floresta amazônica, afinal?”. No texto, o jornal diz que “um coro de líderes internacionais está declarando mais abertamente a Amazônia como parte de um patrimônio muito maior do que apenas das nações que dividem o seu território”.

Etanol
Também recentemente, o economista americano Paul Krugmann, em um artigo no mesmo NYT, chamou o etanol de “demônio” e listou o combustível como uma das causas da alta dos preços dos alimentos. “Não é correto afirmar que vamos prejudicar o cultivo dos alimentos. O etanol pode diminuir a crise energética e a poluição. O mundo pode e deve assinar um pacto global pelo uso de fontes alternativas de energia”, defendeu o presidente.

A pedido do novo ministro Carlos Minc, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) decidiu suspender a divulgação que faria ontem, em São José dos Campos (SP), das análises do sistema de alerta do desmatamento Deter para o mês de abril de 2008. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a divulgação foi suspensa até que seja acertado com o novo ministro do Meio Ambiente um novo esquema de apresentação dos dados sobre desmatamento.

A mudança na divulgação evitaria um constrangimento para o novo ministro, já que no dia da posse dele a notícia seria o aumento do desmatamento na Amazônia legal registrado pelo instituto. O Palácio do Planalto confirmou a posse do novo ministro para hoje às 15h, com transmissão de cargo às 18h na sede da Agência Nacional de Águas (ANA).

Desafios
O maior desafio de Minc será a regularização fundiária nos nove estados que formam a Amazônia Legal. A opinião é consenso entre os dirigentes das maiores organizações não-governamentais (ONGs) ambientalistas e os militantes “verdes” independentes, além dos atuais assessores do próprio governo. “O novo ministro precisará de muito fôlego para poder negociar a regularização fundiária dentro do próprio governo e com os institutos de terra dos estados da região”, disse Paulo Barreto, pesquisador sênior do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Segundo dados do Imazon, existem 42 milhões de hectares de terras públicas ocupadas por posseiros sem documentação e que precisam ser regularizadas. Essas áreas, segundo a instituição, são o foco das maiores queimadas e de outros graves crimes ambientais na Amazônia. Para poder regularizar essas regiões, será preciso uma negociação do Ministério do Meio Ambiente com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), instituição responsável pelas chamadas terras devolutas da União. “Acabar com as queimadas e o trabalho escravo na Amazônia é o desafio mais urgente para o novo ministro”, disse o biólogo Mário Mantovanni, dirigente da SOS Mata Atlântica.

Mas os desafios de Minc não param aí. Ele será cobrado pelos ambientalistas do Congresso para implantar a chamada agenda marrom, que consiste na construção da rede de saneamento básico nas principais cidades brasileiras. Esse tipo de poluição é considerada a maior causa de contaminação de rios, lagos, lagoas e outros mananciais. “Cuidar da Amazônia é estratégico para o Brasil porque a floresta não é somente o estoque de biodiversidade, mas uma das maiores causas de poluição por causa das queimadas”, comentou o deputado Sarney Filho (PV-MA), presidente da Frente Parlamentar Ambientalista da Câmara.

“Carlos Minc tem vários desafios: impedir o desmatamento, o trabalho escravo e fazer a regularização fundiária na Amazônia”
Mário Mantovanni, dirigente da SOS Mata Atlântica

“O ministro terá que identificar quem são os donos da terra na Amazônia, além da União, para poder fazer a regularização fundiária. Além disso, terá que acabar com a impunidade na Amazônia”
Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon

Os desafios de Minc
1 - Regularização fundiária nos nove estados da Amazônia Legal. Existem mais de 24 milhões de hectares de terras públicas na região, boa parte delas ocupada por posseiros sem documentação. É nesse espaço onde acontecem as maiores queimadas para a abertura de novos pastos
2 - Redução das áreas queimadas na Amazônia e em outras regiões do país
3 - Definição de ações da chamada “agenda marrom”, que trata de medidas de despoluição das cidades, com implantação de estações de tratamento dos esgotos caseiros, considerados os maiores poluidores de rios, lagos e outros mananciais de água doce do país
4 - Programa de reciclagem do lixo urbano, hoje considerado um dos maiores problemas de contaminação
5 - Modificações de leis para a antecipação do prazo para que as indústrias de automóveis e de refino de petróleo passem a produzir combustíveis com menor emissão de partículas de enxofre e chumbo, exigência de protocolos internacionais


Folha de São Paulo País deve usar petróleo para se industrializar, diz Lula
Para ele, descoberta no pré-sal não deve servir apenas para agigantar Petrobras. Industrialização do país consolidaria um modelo de desenvolvimento baseado numa indústria nacional forte, afirma o pres
PEDRO SOARES - DA SUCURSAL DO RIO

Num discurso pontuado pela defesa da indústria naval brasileira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o país tem de aproveitar as descobertas de petróleo na camada pré-sal para se "industrializar", e não apenas para converter a Petrobras numa "grande exportadora de petróleo".

"Eu não quero que a Petrobras, porque descobriu o pré-sal, vire apenas uma grande exportadora de petróleo, não. Vamos exportar, mas não quero que o presidente do Brasil coloque aquele pano na cabeça como se fosse um xeique do petróleo, não. Eu quero que a gente aproveite esse petróleo para industrializar este país, para consolidar um modelo de desenvolvimento baseado numa indústria nacional forte", disse Lula.

O presidente ressaltou também o papel da estatal como instrumento de política industrial. "É preciso ter consciência de que uma empresa como a Petrobras não pode existir apenas para ser a sexta maior empresa do mundo, a terceira maior empresa das Américas [em valor de mercado]. Ela existe também para ser alavancadora do desenvolvimento deste país e a geradora de oportunidades para outros setores da sociedade."

Para o presidente, a Petrobras não pode se pautar exclusivamente por decisões empresariais -ainda que perca, no curto prazo, com tal posição.

"Se a gente deixasse a nossa querida Petrobras trabalhar apenas pela cabeça empresarial, se ela apenas pensasse em perdas e ganhos de curto prazo, obviamente que ficaria mais fácil para a Petrobras comprar lá fora. Isso é verdade, mas a visão não pode ser apenas a de curto prazo."

Encomendas nacionais
Mesmo mais caras, o presidente ressaltou a importância das encomendas da estatal à indústria nacional como forma de irradiar o crescimento a outros setores -foi o governo Lula que introduziu, em 2003, regras de conteúdo nacional mínimo (inicialmente de 60%) nas licitações da companhia.

"A imbecilidade chega a tal ponto que as pessoas não se lembram que se a gente investir vai contratar trabalhadores, que vão ganhar um salário, que vão virar consumidores, que vão cuidar da família. Portanto, vão gerar emprego no comércio, que vai gerar trabalho na fábrica, que vai ter mais um trabalhador, que vai ter mais um consumidor."

"Homens produtivos"
Segundo Lula, desse modo se constrói "uma nação de homens produtivos", mesmo que à custa de despesas maiores nas encomendas da Petrobras. "É mais fácil ir à Correia, a Cingapura, à Noruega e comprar um navio pronto. Dá menos trabalho. Não tem nenhum problema. Quem sabe saísse um pouco mais baratinho do que construir aqui."

A uma platéia de trabalhadores e executivos da indústria naval e políticos, o presidente afirmou que, "nas duas últimas décadas, se vendeu a idéia de que nós não precisaríamos produzir nada" -pensamento responsável pelo sucateamento do setor naval. "Era mais fácil a política do prato feito: comprar tudo pronto."

Tal política, disse Lula, empurrou "um exército de adolescentes" sem oportunidades para a criminalidade. "É esse o papel que o Estado brasileiro tem de jogar [o de indutor do crescimento] porque, se não for o orgulho de vocês estarem de macacão cuidando dos filhos de vocês, o crime organizado está aí à espera dos deserdados deste país."



Folha de São Paulo Estatal encomenda 230 navios para a indústria nacional nos próximos 10 anos
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras vai encomendar prioritariamente à indústria nacional 230 embarcações nos próximos dez anos, na maior contratação desse tipo já feita no país.

Por meio de licitação, a estatal contratará 146 barcos de apoio à exploração e produção marítima de petróleo até 2014, que, após, a construção serão alugados pela Petrobras. A encomenda demanda investimentos de US$ 5 bilhões. Nos editais, haverá a exigência de conteúdo nacional (peças e equipamentos) de 80%.

O mesmo modelo será adotado para o afretamento de 40 sonda de perfuração, que estarão em operação até 2017. Nesse caso, porém, a indústria nacional não terá condições de atender a toda encomenda -o país nunca produziu sondas.

"Mas haverá uma prioridade para a indústria naval brasileira. Vamos testar o mercado e faremos o que for possível fazer no Brasil", afirmou José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras.

Segundo o executivo, a prioridade é fechar o contrato das primeiras sondas no próximo ano para atender às necessidades de perfuração na camada pré-sal -mais nova e promissora província petrolífera do país.

Gabrielli afirmou que o mercado de sondas está superaquecido e há falta de equipamentos no mercado.

Diante desse cenário, disse, o custo também explodiu: o aluguel chega a US$ 600 mil a diária. Por todos esses motivos, a companhia optou por licitar 40 unidades.

A estatal lançará ainda a segunda fase do programa de renovação de frota de petroleiros. Serão encomendados 44 ao todo -23 para a frota própria da companhia, 19 a serem alugados e 2 superpetroleiros também destinados ao afretamento.

A Petrobras não divulga os valores estimados das sondas e dos petroleiros para não induzir os preços nas licitações, que já estão em curso.



Folha de São Paulo Presidente critica cobrança externa sobre a Amazônia
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem, no Rio, que "o mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono e que o dono é o povo brasileiro". Lula aproveitou o discurso de abertura do 20º Fórum Nacional, na sede do BNDES, no centro do Rio, para responder às cobranças internacionais para que o governo consiga deter o desmatamento nas regiões Norte e Centro-Oeste.

"É muito engraçado que os países que são responsáveis por 70% da poluição do planeta agora fiquem de olhos na Amazônia da América do Sul. Como se fôssemos responsáveis por fazer aquilo que eles não fizeram durante todo o século passado. O mundo precisa entender que a Amazônia brasileira tem dono."

Lula disse também que a preocupação com a preservação da floresta não pode impedir o desenvolvimento da região. Para ele, a população amazônica corre o risco de ser "segregada" se não houver condições para o desenvolvimento: "Afinal de contas, moram lá quase 25 milhões de habitantes, que querem ter acesso aos bens que nós temos aqui no Rio, em São Paulo. Por que essas pessoas têm que ficar segregadas?"

É o mesmo discurso adotado pelo ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos). A nomeação de Mangabeira como coordenador do PAS (Plano Amazônia Sustentável) é apontada como um dos motivos da saída de Marina Silva do Ministério do Meio Ambiente. O país tem sido alvo de críticas de ambientalistas após o pedido de demissão dela.

Na platéia do fórum, estava o colunista do jornal "The New York Times" Roger Cohen. No domingo retrasado, o jornal americano publicou uma reportagem intitulada "De quem é esta floresta amazônica, afinal?" Segundo o texto, algumas lideranças mundiais têm afirmado que a Amazônia é um patrimônio mundial- e não apenas dos países que dividem o seu território.

No discurso, Lula também criticou a cobertura da imprensa sobre a Unasul (União das Nações Sul-Americanas de Nações), órgão criado oficialmente na última sexta-feira, em Brasília. Ele disse que a Unasul será o primeiro passo para uma integração continental semelhante à ocorrida na Europa. "Trabalhamos na América do Sul com a possibilidade de que as novas gerações possam criar uma moeda única."
(JANAINA LAGE e ROBERTO MACHADO)

Sunday, May 25, 2008

ECONOMIA
Ajuste pago em junho
O Ministério do Planejamento reafirmou que sairão em junho os aumentos para os servidores federais
Rio - O Ministério do Planejamento reafirmou que sairão em junho os reajustes salariais para os servidores federais. O ministro Paulo Bernardo já tinha dado a garantia, mas os servidores estavam receosos porque as prévias dos contracheques disponibilizadas na Internet ainda não estão com o aumento. Segundo o ministério, os valores reajustados constarão dos contracheques definitivos. Se não houver tempo hábil para todos os contracheques serem corrigidos, o Planejamento publicará folha suplementar.
Muitos servidores preferem a folha extra de pagamento a fim de evitar arcar com imposto maior. Isso porque, como haverá pagamento dos retroativos a 1º de março, poderá haver mudanças de faixa e o conseqüente aumento do imposto.
O governo federal prepara projeto de lei para substituir as medidas provisórias 430, que abre crédito de R$ 7,5 bilhões para o reajuste de servidores civis e militares, e 431, que regula o aumento. Segundo o Planejamento, o texto só será apresentado na semana que vem, provavelmente na segunda-feira.
O projeto terá tramitação em regime de urgência, e o acordo no Congresso é para que seja votado em uma semana. Enquanto isso, as medidas provisórias continuam valendo. Ao todo, serão beneficiados 800 mil servidores da União e 644 mil militares ativos, inativos e também pensionistas das Forças Armadas.
O Estado de São Paulo

ECONOMIA
Ações da Petrobrás caem um dia depois da euforia
Anúncio da nova descoberta na Bacia de Santos acabou frustrando o mercado financeiro por falta de detalhes sobre o volume de petróleo
Ao mesmo tempo que ganhou destaque na mídia internacional, a nova descoberta da Petrobrás na região abaixo da camada de sal, anunciada na quarta-feira, frustrou analistas do mercado financeiro. As ações da estatal despencaram ontem na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), fechando em queda de 3,7%, segundo analistas, por falta de detalhes sobre o volume encontrado. Para o Wall Street Journal, as recentes descobertas podem fazer do Brasil uma “potência petrolífera”.
A descoberta ocorreu no bloco BM-S-8, nas águas ultraprofundas da Bacia de Santos, projeto batizado pela Petrobrás de Bem-Te-Vi. Antes do anúncio, as ações da estatal já vinham subindo por conta da expectativa provocada por entrevista de executivos da portuguesa Galp, uma das sócias do projeto. O comunicado oficial, porém, não trazia nenhuma informação sobre volume ou espessura do reservatório, dados necessários para análise mais detalhada.
“A Petrobrás já anunciou diversas descobertas naquela região, mas, por enquanto, só a área de Tupi tem estimativas divulgadas. O mercado esperava que a Petrobrás pudesse informar alguma projeção de reservas na região, o que não aconteceu”, disse o analista do Banco do Brasil Investimentos, Nelson Rodrigues de Matos. A queda das ações da estatal ajudou a puxar para baixo o Ibovespa, que fechou em baixa de 1,17%.
No comunicado de quarta-feira, a Petrobrás informou que um plano de avaliação da área será entregue à Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em reportagem publicada ontem, no entanto, o Wall Street Journal mostrou um panorama otimista das recentes descobertas na área abaixo do sal. “Com os preços do petróleo atingindo novas máximas, grandes descobertas no Brasil podem aumentar o otimismo do setor de energia de que pode entregar petróleo suficiente para acompanhar a aceleração da demanda”, diz.
Os autores do texto, John Lyons e David Luhnow, dizem que o cada nova descoberta na região aumenta a percepção de que o Brasil pode ter petróleo suficiente para participar das “grandes alianças de exportadores mundiais”. Apenas em Tupi, a Petrobrás estima ter encontrado algo entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris. Para o jornal americano, a taxa de sucesso em diferentes poços na região pode indicar que a Bacia de Santos seria um “megadepósito contíguo de petróleo”.
A Petrobrás tem 66% do bloco BM-S-8. O restante pertence à anglo-holandesa Shell (20%) e à portuguesa Galp (14%) - esta muito beneficiada pela parceria com a estatal brasileira. Anteontem, antes do anúncio de Bem-Te-Vi, o Goldman Sachs elevou novamente o preço-alvo para as ações da Galp, que subiu 3%, para 19.
Segundo o diário português Jornal de Negócios, o banco informou que “o mercado está focado nas notícias sobre a exploração de petróleo no Brasil”.
A nota da Goldman Sachs estima que Bem-Te-Vi tenha 5 bilhões de barris, mas ressalta que o maior risco para seu desempenho está no dimensionamento das reservas. “A despeito dos avanços, é impossível saber a quantidade e a qualidade do petróleo de uma reserva antes que ele comece a jorrar, o que pode levar anos”, concordam os jornalistas do Wall Street Journal.

Wednesday, May 21, 2008

Petróleo
O presidente Evo Morales, da Bolívia, faz ameaça sobre empresas estrangeiras que atuam no país. Se não realizarem investimentos, vão perder acesso às áreas de prospecção. A Petrobras está outra vez sob ameaça de nova invasão e confisco.

Urânio
É intenção do governo construir unidades de gaseificação e uma de enriquecimento do urânio. O Brasil, no momento, realiza a lavra do mineral extraído em Caetité, Bahia, onde é transformado em yellow cake. Vai para o Canadá, onde é gaseificado. O projeto estuda para que toda a operação seja realizada no Brasil. É que nós dispomos de tecnologia, o que acontece em poucos países. A informação é da INB, Indústrias Nucleares do Brasil.

Aviação
Está no pensamento do presidente Lula da Silva criar uma empresa oficial de transporte aéreo. Com isso, o governo mandará as demais fazerem o dever de casa. O caso nasceu dos constantes cancelamentos de vôos que prejudicam apenas os passageiros.



Correio Braziliense Prazo menor para segredos
Ministros analisarão proposta que altera normas de classificação de documentos sob sigilo. Idéia é flexibilizar o acesso e diminuir o tempo de abertura dos arquivos
Da equipe do Correio

O governo quer mudar as regras de classificação de documentos públicos sigilosos, adotar medidas mais rigorosas para manuseio e reduzir os prazos de duração das classificações, que hoje variam de ultra-secreto a confidencial. O trabalho, que já vem sendo desenvolvido por um grupo de técnicos há três anos, vai ser levado nos próximos dias a uma reunião ministerial para ser avaliado e depois seguirá para o Congresso. Considerada dura em alguns aspectos, principalmente quando trata de papéis considerados de alto grau de confidencialidade, a lei atual é questionada por vários setores, como a Procuradoria-Geral da República, que entrou na terça-feira com ação direta de inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a revogação da legislação.

A intenção do governo é flexibilizar o acesso, possibilitando que o cidadão possa ter as informações desejadas com maior rapidez, mesmo que o documento não faça referências à sua vida privada, como determina a lei atual. Mas vai adotar procedimentos rigorosos para seu manuseio. Atualmente, vários servidores podem conhecer as informações, mas a proposta do Palácio do Planalto é tornar isso cada vez mais restrito. O mesmo acontecerá em relação ao classificador. Os documentos ultra-secretos devem continuar sendo definidos pelo presidente da República, seu vice, ministros e comandantes militares, mas os secretos podem sofrer uma alteração. Hoje, funcionários em funções de direção, comando ou chefia podem adotar esse tipo de classificação.

Os prazos de duração do sigilo, uma das polêmicas criadas em 2005, quando a lei atual foi publicada, deverão diminuir. Atualmente, os documentos ultra-secretos são os que têm um tempo maior de duração da classificação, que é de 50 anos. Porém, poderá ser renovado indefinidamente de acordo com o interesse da segurança da sociedade e do Estado. Os secretos permanecem fechados por 30 anos; os confidenciais por 20; e os reservados, por 10 anos. Mas nos três casos poderá haver, por uma única vez, nova reclassificação. Pela proposta, no final dos prazos, o governo deverá fazer a “publicização periódica” das informações, que é avisar a sociedade o que está liberado.

Medida provisória
Para o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, o Executivo não pode fazer a classificação de documentos públicos. Ele justifica afirmando que cabe ao Legislativo definir sobre direitos fundamentais. “As informações não se destinam apenas aos interessados em sentido técnico-operacional, mas a todo povo brasileiro, à sua memória, à sua identidade. Não se trata de uma questão de interesse privado, mas de expressão pública”, diz o procurador. Na ação, Souza questiona o fato que a lei atual foi criada a partir de uma medida provisória, que não pode abordar temas como a nacionalidade, cidadania, direitos, partidos políticos e direito eleitoral.

O vazamento de informações sigilosas de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não foi o motivo do projeto, garantem técnicos do governo. Mas o assunto vem sendo tratado em sigilo dentro do Palácio do Planalto e entre representantes dos ministérios da Justiça e Defesa, Casa Civil, Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Secretaria Especial dos Direitos Humanos, que formam o grupo de trabalho.

O que deve mudar
O que prevê a nova lei:
Prazos
O projeto do governo pretende diminuir prazos de validade dos documentos sigilosos. A nova legislação poderá reduzir o tempo pela metade. Conforme a lei atual, a classificação dos papéis públicos ultra-secretos deve durar no máximo 50 anos, mas poderá ser renovada indefinidamente. Os secretos em 30 anos; os confidenciais, em 20 anos; e os reservados em 10 anos. Nesses últimos casos, a renovação se dará apenas uma vez.

Transparência
O Planalto quer tentar passar a impressão de dar mais transparência aos temas ligados a documentos sigilosos, principalmente os de gestão. Isso está sendo chamado de “publicização” das informações.

Manuseio
O projeto torna mais rigorosos os procedimentos de manuseio dos documentos, tanto por parte de servidores como de terceiros. Hoje, apenas funcionários públicos que tenham necessidade de conhecê-los é que podem ter acesso às informações. O cidadão só tem direito ao manuseio se os dados forem de interesse pessoal.

Acesso
O projeto vai limitar o número de autoridades que podem ter contatos com os documentos, independentemente da classificação. Atualmente, classificam os documentos como ultra-secretos o presidente da República e seu vice, ministros e comandantes militares. Os secretos são definidos por funcionários com cargos de chefia. Cabem aos próprios órgãos resolver sobre papéis sigilosos e confidenciais.



Folha de São Paulo Desemprego entre jovens é 3,5 vezes o dos adultos
Entre dez países, Brasil é o que tem a maior proporção de jovens entre os desempregados
ANTÔNIO GÓIS e JANAINA LAGE

A taxa de desemprego entre jovens de 15 a 24 anos é 3,5 vezes a dos adultos, revela estudo divulgado ontem pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

A publicação mostra que o Brasil lidera o ranking de maior proporção de jovens entre os desempregados em uma lista de dez países, que inclui Argentina, México, Alemanha, Espanha, Itália, França, Grã-Bretanha, Suécia e Estados Unidos.

Em 2005, os jovens representavam 46,6% do total de desempregados, um patamar superior ao de países como México (40,4%) e Argentina (39,6%). Segundo o estudo, não apenas a taxa de desemprego dos jovens no Brasil cresceu ao longo dos últimos 15 anos como ainda avançou mais do que a taxa de desemprego dos trabalhadores adultos.

"Os jovens representam uma proporção cada vez maior dos desempregados", diz o estudo.

De acordo com Roberto Gonzalez, pesquisador do Ipea, uma das hipóteses que justificam a maior dificuldade dos jovens para ingressar no mercado de trabalho é o preconceito das empresas em relação aos trabalhadores menos experientes. "O mercado de trabalho melhorou no Brasil nos últimos anos, mas a melhora foi menor entre os mais jovens, o que justifica a necessidade de políticas públicas para tentar assegurar o lugar desses trabalhadores no mercado", disse.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) corroboram a percepção de que, de fato, ficou mais difícil para o jovem de 15 a 24 anos encontrar trabalho.

Segundo Cimar Pereira, gerente da PME (Pesquisa Mensal de Emprego), a participação dos jovens no total de desempregados nas seis maiores regiões metropolitanas do país passou de 45,7% em março de 2002 para 46,8% em março deste ano. Em março de 2002, 22,9% da população em idade ativa tinha de 15 a 24 anos. Em março deste ano, esse patamar caiu para 19,4%. "Houve um aumento claro da desocupação nessa faixa etária", resume.

O desemprego entre jovens não é um problema restrito ao Brasil. Nos países europeus, a taxa de desemprego dos jovens começou a crescer nos anos 1980. Nos anos recentes tem havido uma pequena reversão desse fenômeno, motivada tanto pelo menor desemprego juvenil como pela redução da população economicamente ativa nestes países.

Para o Ipea, a demissão dos trabalhadores mais jovens é de menor custo em razão do valor das indenizações. Além disso, são normalmente menos experientes e considerados "menos essenciais" para as empresas. Há também aspectos como a alta rotatividade característica dessa etapa da carreira.

"Como o jovem, por definição, está tendo suas primeiras experiências no mundo do trabalho, seria "normal" que ele circulasse por vários empregos como forma de acumular conhecimentos e experiência, supondo-se que mais tarde isso contribuiria para ele estabilizar-se em uma ocupação determinada", afirma o estudo.

Para Lígia Cesar, da MCM Consultores, um dos fatores que dificultam a entrada dos jovens no mercado é a rigidez das leis. "Isso prejudica o acesso do trabalhador com menos experiência. Do ponto de vista do empregador, ele tem de arcar com um custo alto para contratar alguém com menos experiência do que os demais."

A taxa de desemprego entre os jovens no Brasil foi estimada pelo Ipea em 19% em 2005, um patamar superior ao de anos anteriores. Em 2000, o percentual era de 18% e, em 1995, de 11%. Segundo o Ipea, a alta taxa de desemprego mesmo na faixa abaixo de 17 anos indica que grande parte das famílias não tem meios de manter os jovens fora do mercado de trabalho até a conclusão do ensino médio.

"O que acontece para a maioria dos jovens de famílias trabalhadoras e de baixa renda é que eles ficam circulando entre ocupações de curta duração e baixa remuneração, muitas vezes no mercado informal. Além de não favorecer a conclusão da educação básica, essa experiência é, na maior parte das vezes, avaliada negativamente pelos empregadores."

O estudo conclui que políticas de emprego não devem apenas ser julgadas pela capacidade de colocar o jovem em um posto de trabalho, mas devem também avaliar até que ponto a experiência de trabalho permite adquirir novos conhecimentos. "É fundamental que políticas de emprego desenvolvam estratégias destinadas a romper, e não a reforçar, as barreiras sociais que se colocam frente a estes jovens", diz.


Folha de São Paulo Venezuela x EUA: Caracas não aceita explicação de embaixador americano

O embaixador americano em Caracas, Patrick Duddy, se reuniu com o chanceler Nicolás Maduro para explicar a invasão do espaço aéreo do país por uma aeronave militar dos EUA, no sábado. Na saída, Maduro disse que "não está satisfeito com as explicações". Em nota, Duddy repetiu a versão de que o incidente ocorreu por "erro de navegação" e disse ter expressado a Maduro "nossas preocupações sobre supostos vínculos do governo da Venezuela com as Farc".



Jornal do Brasil Bolívia apóia a proposta brasileira
Venezuela, Guiana, Suriname, Chile e Argentina completariam a organização supranacional
Juliana Anselmo da Rocha

O presidente da Bolívia, Evo Morales, confirmou sua adesão à proposta brasileira para a criação de uma organização supranacional de caráter militar na América do Sul. Os detalhes da proposta serão discutidos em reunião sexta-feira, em Brasília. Além de Brasil e Bolívia, já manifestaram interesse em participar do Conselho de Defesa da América do Sul Venezuela, Guiana, Suriname, Chile e Argentina.

– Conversei com todos os líderes regionais e encontrei posições favoráveis à instituição. Alguns estão mais entusiasmados, mas existe uma uniformidade de pensamento quanto à criação do conselho – declarou Jobim, depois de encontrar-se com Morales, na segunda-feira, em La Paz.

A pretensão é de que a organização inicie seus trabalhos em julho. Além de estruturar e executar uma política de defesa sul-americana e unificar o discurso dos países da região em fóruns internacionais sobre segurança, orquestraria a construção de um parque industrial comum para produção de equipamentos para as Forças Armadas e outros insumos para o setor de defesa.

– A criação do Conselho de Defesa da América do Sul está inserida no escopo da política externa brasileira, que visa ao fortalecimento da liderança do país na região – ressaltou Reginaldo Nasser, professor da PUC-SP e membro da diretoria executiva da Associação Brasileira de Relações Internacionais. – Não está necessariamente relacionada com o controle das ambições de Hugo Chávez e Morales no continente. Só que o conceito de defesa hoje é mais amplo, incluindo o combate ao crime organizado e ao narcotráfico, que tem alcance transnacional.

Jobim garantiu que essa não será uma aliança militar, mas "uma ferramenta para lidar com uma variedade de questões de segurança" na América do Sul. Temas como a preservação conjunta dos recursos naturais e meio ambiente também seriam tratados pelo conselho.

José Luiz Niemeyer, coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec-RJ, acredita ser essa uma reformulação na estratégia brasileira para conquista de uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU. O cientista político lembra que esse é um desejo antigo, presente na agenda do Itamaraty e da Presidência desde os governos de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso.

– É difícil ampliar o número de participantes porque isso movimenta o xadrez da geopolítica mundial. Hoje, o mundo está em transformação: ainda não está claro se os EUA se manterão como uma superpotência capaz de determinar os rumos globais, ou se assistimos à emergência de uma bipolaridade com a União Européia ou mesmo de uma triangulação com a China e o Japão – explicou Niemeyer.

Para o estudioso, o conselho, por enquanto, permanece como "uma questão de retórica".

– Se não conseguimos avançar na união aduaneira do Mercosul, imagine as dificuldades de uma estratégia de defesa única, tema que no limite se refere à sobrevivência dos Estados soberanos – conclui.

A idéia para a criação do conselho partiu do presidente Chávez, da Venezuela. Foi reavivada por Luiz Inácio Lula da Silva depois da crise desencadeada pelo ataque militar colombiano em território equatoriano em 1º de março.


O Estado de São Paulo DIRETO DA FONTE
Parabélum
Sonia Racy


Hugo Chávez revelou no fim de semana que o primeiro lançamento-teste de um míssil ar-superfície de longo alcance - por um dos super-caças Su-30 comprados na Rússia -, será realizado em junho, no mar do Caribe. O alvo vai simular um porta-aviões.

E anunciou que estará, pessoalmente, no avião para apertar o botão de disparo. “Na hora vou pensar que estou atirando contra um navio do império americano.”


O Estado de São Paulo Petrobrás agita os estaleiros
Encomenda de sondas e navios pode superar US$ 20 bi
Kelly Lima

A Petrobrás confirmou ontem que vai encomendar 40 sondas de perfuração de petróleo no País para explorar a área abaixo da camada de sal. O pacote de encomendas, antecipado pelo Estado, prevê investimentos acima de US$ 20 bilhões. Segundo uma fonte do setor, simultaneamente a estatal poderá encomendar 42 navios petroleiros e 146 embarcações de apoio às plataformas, o que pode dobrar o investimento previsto.

O anúncio formal deverá ser feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na próxima segunda-feira, em Niterói. Essas encomendas, aliadas ao recorde nos preços internacionais do petróleo e a um relatório do Banco Credit Suisse elevando a projeção para os ADRs e as ações da Petrobrás, impulsionaram ontem os papéis da companhia. Isso garantiu à Bovespa o 10º recorde do ano.

O pacote de encomendas da Petrobrás tem forte impacto no mercado porque demonstra o apetite da empresa para desenvolver as áreas do pré-sal. Hoje, a companhia opera 40 sondas próprias no País. Com a realização das obras anunciadas, vai acrescentar a esse portfólio mais 28 próprias e 12 afretadas, além de pelo menos 6 que já estão em licitação.

A intenção do governo é que todas as sondas sejam construídas no Brasil, mas não está descartada a hipótese de as sondas afretadas serem construídas em estaleiros internacionais e apenas operadas com tripulação brasileira. Segundo o presidente do Sindicato Nacional da Indústria Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha, o setor quer abocanhar todas as encomendas.

'Vamos realizar um estudo técnico sobre a capacidade de todos os estaleiros e as perspectivas de novos investimentos para traçarmos um mapa da capacidade de construção da indústria naval no País', disse Rocha, que integrou a comissão com 40 representantes da indústria naval convocados para reunião, anteontem, com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Segundo ele, o estudo técnico deverá ser entregue ao governo federal no dia 30.

Segundo fontes do setor, os estaleiros mais cotados para realizar as obras das sondas de perfuração em águas ultraprofundas são o Jurong, agora associado ao Mac Laren, de Niterói, o Keppel, de Angra dos Reis, o Atlântico Sul (das construtoras Queiroz Galvão e Camargo Correa), e o Rio Grande, do Grupo W Torre, no Rio Grande do Sul. A licitação, segundo fontes do mercado, deverá dividir o pacote de 28 sondas em quatro lotes de sete. Cada um desses lotes deve movimentar algo em torno de US$ 4,2 bilhões.

Já no caso dos navios, as informações preliminares - ainda não confirmadas pela Petrobrás - indicam que, dos 42 petroleiros a serem encomendados, a metade vai atender à segunda fase de renovação da frota da Transpetro. A outra parte, também por ser construída no Brasil, seria afretada diretamente pela estatal por um longo período. Já as 146 embarcações de apoio terão as licitações realizadas em etapas. A primeira delas prevê o afretamento de 24 unidades.



O Estado de São Paulo ONDA FAVORÁVEL
Brasil é 3º em ranking de clima econômico

O Brasil passa por ambiente econômico mais favorável do que a média mundial e mais positivo do que o da América Latina. Enquanto a média do índice de clima econômico entre os países latino-americanos e os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) mostrou piora entre janeiro e abril, a do Brasil permaneceu estável em 6,6 e elevou o País da quarta para o terceira posição no ranking da região, atrás de Uruguai e Peru. Esses são dados da Sondagem Econômica do Institute for Economic Research at the University of Munich, ou Instituto IFO. Na América Latina, o levantamento é realizado em parceria com a FGV.



O Globo Paraguai: lei de fronteira ameaça brasiguaios
Governo finaliza demarcação de faixa de segurança e estrangeiros que têm terras na região podem perdê-las.
Janaína Figueiredo - Correspondente

BUENOS AIRES e BRASÍLIA. Cumprindo à risca o que estabeleceu a “Lei de Faixa de Segurança”, aprovada há cerca de dois anos, o governo do presidente paraguaio, Nicanor Duarte Frutos, confirmou o fim dos trabalhos de demarcação da chamada “fronteira interna”, localizada a 50 quilômetros de distância das fronteiras do Paraguai com países vizinhos.

A nova lei proíbe que cidadãos estrangeiros sejam proprietários de terras rurais dentro da chamada faixa de segurança do país, regra que poderia prejudicar produtores rurais brasileiros, argentinos e bolivianos não naturalizados, segundo admitiu o ministro das Relações Exteriores do país, Rubén Ramírez Lezcano.

Quem comprou terras antes da nova lei mantém direitos Em entrevista por telefone ao GLOBO, o chanceler paraguaio explicou que o governo de seu país está realizando, em parceria com o governo Lula, um abrangente trabalho sobre a situação em que vivem e trabalham os brasileiros no Paraguai (os chamados brasiguaios) e assegurou que o governo vai “proceder de forma a evitar um impacto social negativo e sempre pensando em preservar nosso bom relacionamento com o Brasil”. Não existem estatísticas oficiais, mas estima se que cerca de 500 mil brasileiros residam no Paraguai.

— Não podemos falar nada antes de termos em nossas mãos um inventário completo.

Precisamos saber qual é a situação de cada brasileiro para poder decidir como procederemos em cada caso — afirmou Ramírez Lezcano.

Segundo o chanceler paraguaio, o governo Lula enviou recentemente a Assunção um relatório sobre o estado de titularidade de terras dos brasileiros que vivem no Paraguai: — Não podemos dar detalhes ainda, porque estamos fazendo um trabalho muito amplo que envolve vários ministérios e comissões integradas pelos dois países. Existem situações muito diversas.

O que o chanceler deixou claro foi que brasileiros que tenham comprado terras na faixa de segurança antes da aprovação da nova lei não serão prejudicados, já que a norma não é retroativa. O objetivo das autoridades paraguaias e também do futuro presidente do país, o ex-bispo Fernando Lugo, é regularizar a situação das terras em todo o país.

—Também existem muitos paraguaios que compraram terras de forma irregular — esclareceu Ramírez Lezcano.

Lugo, que assumirá o poder no próximo dia 15 de agosto, já antecipou sua decisão de implementar uma histórica reforma agrária e, paralelamente, estimular a regularização de terras em poder de brasileiros. A imigração de brasileiros para o Paraguai começou durante a ditadura de Alfredo Stroessner (19541989) e alcançou seu auge nas décadas de 60 e 70.

— Não podemos falar em nome do futuro governo. O que nosso presidente está fazendo é buscar soluções práticas e integrais (em relação aos brasiguaios), sempre respeitando a lei — enfatizou.

De acordo com o diretor de Assuntos Especiais da chancelaria paraguaia, Victor Hugo Peña, o Paraguai foi um dos últimos países latino-americanos a aprovar a criação de uma faixa de segurança em suas fronteiras.

— O Brasil tem uma faixa de segurança de 150 quilômetros.

No caso da Argentina, a distância é igual a nossa — disse o funcionário paraguaio.

Itamaraty diz que questão já foi negociada com Assunção Ontem, a polícia paraguaia prendeu dezenas de trabalhadores sem-terra que haviam invadido plantações de soja em diferentes regiões do país.

O promotor Daniel Vergara, que esteve à frente da operação realizada no distrito de Maria Auxiliadora, a 500 quilômetros de Assunção, confirmou a detenção de 120 trabalhadores sem-terra.

O Itamaraty esclareceu ontem que o decreto proibindo a ocupação de terras na fronteira do Paraguai foi assinado em dezembro de 2004. Desde então ocorreu uma negociação, já concluída, para manter os brasiguaios que vivem no local nas propriedades. A condição principal é que eles não as vendam. Os brasiguaios ocuparam áreas fronteiriças com o Brasil, principalmente nas regiões de Canindeyú e Alto Paraná, no Sudeste do Paraguai.

Estima-se que existam cerca de 350 mil brasileiros nessa situação.



O Globo Polêmica nuclear aguarda Minc
Novo ministro é contra o licenciamento de Angra 3, que está sob análise do Ibama
Tulio Brandão

O novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, terá um obstáculo atômico para superar durante a sua gestão à frente da pasta. Está em curso o licenciamento da usina nuclear de Angra 3, empreendimento contra o qual a ex-ministra Marina Silva lutava abertamente. Minc também é contra a obra. Durante seus mandatos de deputado estadual e como secretário do Ambiente, também assumiu abertamente posição contrária à construção de uma terceira usina nuclear no Estado do Rio.

Durante uma entrevista realizada ontem na sede da Secretaria estadual do Ambiente do Rio, Minc revelou que, antes de ser chamado para ser ministro, chegou a falar com o superintendente do Ibama no Rio, Rogério Rocco, sobre o assunto: — E pensar que eu cheguei para o Rocco e falei: “Poxa, Rogério, ainda bem que não sou eu que vou licenciar esse empreendimento...” Minc não quis dar mais detalhes sobre a usina, e considerou cedo demais para falar sobre o assunto com a imprensa como ministro.

Procurado pelo GLOBO, Rocco informou que o processo de licenciamento de Angra 3 está, neste momento, na fase final da análise da licença prévia.

O superintendente explicou que o processo de licenciamento voltou a correr depois que o Conselho Nacional de Política Energética aprovou a construção da usina, e a Justiça desobstruiu judicialmente o processo (que estava embargado por falhas no licenciamento).

Com o caminho liberado, foram convocadas audiências públicas ano passado em Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro.

— Como houve falha no prazos de divulgação dos encontros, uma nova decisão judicial determinou que o Ibama convocasse novas audiência públicas. Foram ampliadas as áreas em que o órgão ambiental teria que fazer a reunião. Além dos três municípios da Costa Verde, o encontro teria que ser feito no Rio e em Ubatuba. As audiências foram realizadas e, agora, o processo aguarda manifestação do Ibama para concessão ou não da licença prévia, que é a fase em que o empreendimento é aprovado ou não pelo órgão ambiental — explica Rocco.

A previsão é de que Angra 3 fique pronta até junho de 2014, caso não surjam muitos problemas relacionados a licenças ambientais e financiamento do projeto.

A usina integrará o complexo da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, local onde também estão instaladas Angra 1 e Angra 2.

A decisão do governo sinaliza uma potencial retomada do uso da tecnologia atômica na matriz energética brasileira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se declarou favorável à opção nuclear para geração eletricidade como fonte auxiliar na matriz energética brasileira, fortemente sustentada nas hidrelétricas.

No mês passado, o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, afirmou que as obras da usina nuclear Angra 3 vão começar no segundo semestre, depois de ficarem paralisadas nos últimos 22 anos.

Disse, na ocasião, que esperava receber ainda em abril a licença prévia ambiental do Ibama, depois de terem sido realizadas oito audiências públicas. Segundo a Eletronuclear, a licença de instalação, que permite o início das obras, seria entregue pelo Ibama até junho.

Novos estudos sobre os custos de construção de Angra 3, encomendados à empresa suíça Colenco, concluíram que serão necessários recursos da ordem de R$ 7,3 bilhões para concluir a construção. A usina, de 1.300 megawatts (MW) de capacidade, tem estrutura idêntica à de Angra.


Valor Econômico Megacampo de Tupi eleva demanda global por equipamentos
Cláudia Schüffner

Pancada estrondosa, trovão ou "pai supremo". Qualquer um dos significados etimológicos da palavra tupi registra com precisão o impacto, para o país, da gigantesca reserva de petróleo e gás descoberta pela Petrobras na Bacia de Santos e revelada no ano passado. A exploração do megacampo de Tupi e seus irmãos Júpiter, Carioca, Parati, Caramba e Bem-te-vi, só para citar alguns, vai exigir aumento da capacidade instalada dos fabricantes de dutos, sondas de perfuração e plataformas, entre outros equipamentos, e também já detonou um processo de desenvolvimento de novas tecnologias entre a Petrobras e seus fornecedores.

A indústria de equipamentos para a exploração de petróleo e gás opera no limite da capacidade - no Brasil e no mundo - e projetos de ampliação já estão em curso, mas serão insuficientes para atender à demanda que virá, ainda que ninguém saiba o tamanho exato das reservas existentes na camada pré-sal.

José Formigli, gerente-executivo do pré-sal da Petrobras, adianta que, nas próximas semanas, a empresa vai divulgar um primeiro levantamento de suas necessidades de aço, chapas, sondas e outros equipamentos que serão necessários para o teste e o projeto-piloto de desenvolvimento da produção de Tupi. Para colocar em produção os novos campos da Petrobras serão necessárias plataformas, dutos, árvores de natal (conjunto de válvulas que regula a produção em poços submarinos) e outros equipamentos, que vão permitir elevar a atual capacidade do país em um horizonte ainda não-delineado. Em relatório recente, o banco UBS ressalta que as descobertas da Petrobras na Bacia de Santos "vão provocar um dramático efeito sobre a demanda global de serviços de petróleo de todos os tipos".

O título de outro relatório - este do Credit Suisse - também é um bom indicativo dos efeitos das descobertas no pré-sal sobre a indústria: "Escassez de perfuradoras para águas profundas: a culpa é do Rio." A Petrobras arrendou quase 80% dos navios-sonda com capacidade de perfurar águas profundas disponíveis no mercado mundial, já contratou mais dez sondas de perfuração que chegam entre 2009 e 2011 e vai colocar 24 barcos de apoio exclusivos para Tupi.

Ontem, em nota, a estatal informou que em reunião na noite de segunda-feira com o governo federal, entidades empresariais e representantes da indústria nacional, "informou a intenção de contratar 40 navios-sonda e plataformas de perfuração semi-submersíveis para operar em águas profundas e ultra-profundas. O plano prevê a construção e o recebimento das novas unidades até 2017, com prioridade de construção no Brasil."

As demandas da Petrobras vão afetar em maior ou menor escala as empresas que dispõem hoje de tecnologia para explorar a área do pré-sal. Não por acaso, os bancos já fazem um levantamento dos fornecedores de equipamentos e serviços para esta produção para estimar o potencial de valorização das ações dessas empresas. Enquanto isso, os fabricantes aguardam definições da Petrobras para calcular as novas encomendas.

A Organização Nacional da Indústria de Petróleo (Onip) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aguardam mais definições da Petrobras para levantar as necessidade de suprimento e financiamento do país, explica o presidente da Onip, Elói Fernandez. "Temos um forte parque industrial já instalado. Os principais fornecedores estão no país. Vejo a possibilidade de o Brasil consolidar seu conhecimento tecnológico para obter ganhos de competitividade em escala internacional", diz ele.

No relatório sobre o impacto do pré-sal sobre a indústria de equipamentos e serviços, o banco UBS calculou que serão necessários US$ 600 bilhões para produzir 50 bilhões de barris de petróleo e gás nos campos já descobertos na Bacia de Santos ao longo de toda vida útil desses reservatórios, que pode ser de 30 anos ou mais. São mencionados especificamente Tupi, Júpiter e os quatro em cima da formação Iguaçu (ou Pão de Açúcar), onde estão os campos Carioca, Caramba e Bem-te-vi e o bloco 22 operado pela Exxon.

O relatório toma como base a estimativa de reservas para a área, ainda não confirmadas, e tenta calcular o número de poços que precisam ser perfurados, assim como o custo atual dos equipamentos para produção. Mesmo sendo um número arbitrário, é uma boa indicação do potencial da área e do esforço necessário para colocar esse petróleo em terra. Para se ter idéia, desde sua criação, em 1954, até 2007, a Petrobras investiu US$ 222 bilhões e o investimento atingiu dois dígitos pela primeira vez em 2005, quando foram investidos US$ 11,2 bilhões. Em 2007, o número saltou para US$ 23 bilhões.

Um resumo do atual humor nesse mercado é dado pelo presidente da Schulz no Brasil, Marcelo Bueno. "Os nossos cenários mais otimistas não previram esse ciclo de investimentos que estamos vendo. Eu diria que nos mercados que temos acompanhado hoje, e mesmo que alguma turbulência nos faça engavetar novos projetos, apenas os que estão em andamento ou contratados garantem nossa demanda pelos próximos cinco ou seis anos. E isso para 100% da nova produção", explica Bueno.

O Brasil responde por 20% da capacidade instalada da Schulz e no fim desse ciclo de investimentos o país passará a responder por 60% da produção e 40% da receita, que foi de ? 180 milhões de euros em 2007. A segunda unidade da Schulz, instalada em Campos, entra em operação em junho e a terceira, para tubos especiais (bimetálicos) estará pronta em 2009, quando o Brasil passa a ser majoritário nos investimentos do grupo alemão.

Com tantas boas perspectivas - em meio a fatos e boatos que às vezes são empacotados juntos -, as definições da Petrobras são aguardadas com ansiedade no mercado.


Valor Econômico Exploração do pré-sal vai exigir uso de novas tecnologias
Do Rio

A Petrobras está muito cautelosa com seus planos para a exploração do pré-sal. Diz que é cedo para falar em números, já que ela ainda não fechou sequer as compras para o teste e o piloto de Tupi. O plano estratégico, que vai incluir os investimentos na área, só fica pronto em setembro. Algumas decisões de ordem técnica, contudo, vão tornar alguns fabricantes mais felizes e outros, menos.

O presidente da Associação Brasileira de Geólogos do Petróleo e sócio da consultoria HRT, Márcio Mello, avalia que 70% dos equipamentos necessários para desenvolver Tupi já são fabricados pela indústria nacional. Mesmo assim, diz que o pré-sal vai "revolucionar o Brasil". Em volume e em tecnologia.

A descoberta de reservas tão gigantescas aconteceram no momento em que o preço do petróleo já bateu US$ 129 o barril depois de um movimento ascendente que levou todas as petrolíferas a tirar da gaveta seus planos de investimento. O resultado são fábricas, siderúrgicas e estaleiros lotados de encomenda no mundo todo.

Hoje, nenhuma companhia do mundo extrai petróleo na profundidade em que foram encontrados os campos no pré-sal da Bacia de Santos. Os equipamentos terão de ser feitos com materiais mais resistentes à corrosão e altas pressões, já que o óleo extraído daí vem acompanhado com altos teores de gás carbônico e gás sulfídrico.

Devido à profundidade dessas áreas até que se atinja o solo marinho - entre 2,2 mil e 3 mil metros abaixo da linha do mar, sem contar os quilômetros de tubulação que terão de ser construídos a 300 quilômetros da costa - os fornecedores da Petrobras terão de usar insumos especiais. Para as linhas flexíveis serão utilizados aços inoxidáveis de um tipo especial e resistentes à corrosão (chamados superduplex), tubulações com camadas de um tipo de polímeros, um tipo especial de náilon resistente a altas temperaturas, e também ligas de níquel para ter tubos flexíveis reforçados. Esses produtos não são produzidos no Brasil.

É um momento auspicioso para a Wellstream, que está aumentando a capacidade de produção de equipamentos para águas mais profundas em sua unidade de Niterói. A companhia está investindo cerca de US$ 68 milhões nas suas fábricas no Brasil e Estados Unidos, para aumentar de 150 para 270 quilômetros sua capacidade de produção de tubos em 2009. O Brasil receberá a maior parte dos investimentos.

"Já estávamos nos expandindo antes dos campos do pré-sal, que vão pegar uma parte disso. Só precisamos saber qual o tamanho do pré-sal. Mas uma coisa é certa, o importante para nós é desenvolver a tecnologia, levá-la mais para frente. Atualmente, estamos nacionalizando fornecedores e repito aqui o que o presidente da minha companhia disse para a Petrobras: nos diga a sua demanda que eu vou atender", diz Luís Antonio Gomes Araújo, presidente da Wellstream no Brasil.

Para aumentar o leque de serviços oferecidos, a Wellstream fez uma parceria com a holandesa Sea Trucks para instalação, no mar, das linhas flexíveis fabricadas por ela. Antes, a própria Wellstream precisava contratar empresas do ramo para lançar os equipamentos. "Decidimos pegar nosso destino em nossas mãos e fizemos o consórcio para oferecer o pacote completo", explica o presidente da empresa.

A perspectiva de explorar campos gigantes de óleo leve em alto mar e em grandes profundidades na costa brasileira criou as condições para a "tempestade perfeita" nas palavras de Marcelo Bueno, da Schulz. "Estamos vivenciando uma conjunção de fatores nunca vistos antes. Estamos vendo uma tempestade perfeita na área de óleo e gás. O dinheiro está disponível, não há expectativa de baixa de preço e não vai faltar recursos para financiar os investimentos. É o novo Eldorado", resume Bueno.

Famosa em todo mundo pela tecnologia que desenvolveu para produzir petróleo em alto mar através de campos conectados a gigantescas plataformas flutuantes, que produzem e armazenam petróleo e gás - as FPSO ou plataformas flutuantes de produção e armazenamento - a Petrobras agora estuda o que seria uma reviravolta em seus meios de produção. A companhia avalia a utilização de um outro modelo de plataformas, as chamadas TLPs (Tension Leg Platform) e também as do tipo Spar, que são largamente utilizadas no Golfo do México.

Em ambas, alguns equipamentos de produção, como a chamada a "árvore de natal" (que no sistema atual é acoplada à boca do poço no fundo do mar), passam a ser acomodadas em cima de uma plataforma que também terá as sondas de perfuração. Esses sistemas são mais rígidos, têm estimativa de custo menor, mas precisam ter os poços bem abaixo da unidade, enquanto as FPSOs podem ser conectadas aos poços no leito marinho por linhas de até 30 quilômetros.

O gerente-executivo da Petrobras para o pré-sal, José Formigli, explica que a alternativa de usar plataformas de completação seca (as TLPs e SPARs) não será definida no curto prazo e que a decisão vai depender dos resultados da produção no teste de longa duração e no piloto de Tupi. "Provavelmente, numa primeira etapa de desenvolvimento do campo de Tupi, adotaremos a solução de completação molhada, migrando para completação seca mais tarde, caso se comprove atraente técnica e economicamente", diz.

Na pior das hipóteses, as descobertas só do reservatório de Tupi permitirão quase dobrar as atuais reservas do país, de aproximadamente 12 bilhões de barris de óleo equivalente (que inclui petróleo e gás). Os volumes de petróleo e gás na faixa do pré-sal ainda não são conhecidos sequer pela Petrobras, que no momento tem apenas estimativas, que ela não divulga.

O que se sabe, pelo menos oficialmente, é a projeção da estatal de que Tupi - que ainda não é um campo e sim um reservatório. Ali podem estar entre 5 bilhões e 8 bilhões de barris de petróleo recuperáveis. O maior volume vai depender de dois reservatórios abaixo de Tupi, que sozinho tem reservas estimadas em 5 bilhões de barris de petróleo recuperáveis.

Além de Tupi, a Petrobras já testou o reservatório de Carioca - que pode ter petróleo embaixo de quatro blocos licitados separadamente - e se prepara para iniciar os testes em Júpiter. Esse último tem reservas de gás imensas, que serão conhecidas quando a Petrobras reentrar no poço descobridor, o que deve acontecer nas próximas semanas segundo Formigli.

Tupi foi apenas um dos reservatórios encontrados abaixo de uma camada de 2 mil metros de sal que se formou no início do período Cretáceo - entre 145 milhões e 65 milhões de anos atrás - em uma faixa de 200 por 800 quilômetros, que se estende do litoral do Espírito Santo até Santa Catarina, atravessando todo o Rio de Janeiro e São Paulo.

O que se conhece até agora da área é que ela será difícil, dada a complexidade de se atravessar 2 mil metros de lâmina d'água para chegar ao leito marinho e dali perfurar mais 7 mil metros, incluindo a espessa barreira e porosa camada de sal. Some-se a isso uma enorme quantidade de gás carbônico e sulfídrico, altamente danosos para os equipamentos e o desafio está lançado.

Thursday, May 08, 2008


Felipe Massa vence corrida e mantém domínio no GP da Turquia
Lewis Hamilton pressiona e ganha segundo lugar na excelente estratégia de três pit stops articulada pela McLaren
Felipe Massa fez uma ótima corrida e venceu o GP da Turquia, disputado neste domingo, em Istambul. Com isso, o brasileiro da Ferrari chegou à sua terceira vitória em quatro corridas neste circuito e assumiu a vice-liderança do Mundial de Pilotos, apenas sete pontos atrás de Kimi Raikkonen, terceiro colocado na prova.
Lewis Hamilton teve um desempenho excelente e andou no limite durante toda a corrida. O piloto da McLaren fez três paradas nos boxes, uma a mais do que os dois pilotos da Ferrari. Com isso, ele assgurou a segunda posição, mesmo com a forte pressão de Raikkonen nas voltas finais. Robert Kubica, da BMW Sauber, chegou na quarta posição, uma à frente de Nick Heidfeld, seu companheiro de equipe.
Fernando Alonso, da Renault, fez uma boa corrida após o abandono no GP da Espanha e chegou em sexto na Turquia. Mark Webber, da RBR, foi o sétimo e Nico Rosberg, da Williams, completou os pilotos que chegaram na zona de pontuação.
Big brother urbano
Mercado de câmeras de segurança cresce a uma taxa de 13% ao ano. Por mês, são vendidas e espalhadas pelo país cerca de 11,5 mil unidades. Conflito entre maior segurança e menor privacidade preocupa Co
Rio de Janeiro — 8 de abril. Imagens do circuito interno de um supermercado em Guarulhos, na Grande São Paulo, mostram Alexandre Nardoni, Anna Carolina Jabotá, os dois filhos do casal e a pequena Isabella saindo do local horas antes de a menina ser encontrada morta no jardim de casa, depois de ser jogada do 6º andar. A imagem foi usada no processo. Namorados que freqüentam o Parque Birigui, em Curitiba, tiveram que descobrir outro ponto para paquerar. Um sistema de monitoramento passou a vigiar a área com câmeras que fazem movimentos giratórios e captam imagens até à noite. 18 de abril, Belo Horizonte. Ladrão assalta uma lan house e leva os míseros R$ 10 do caixa. Tudo registrado pela câmera do circuito interno de TV.
16 de março. Pedágio na entrada de Arapongas, no oeste do Paraná. Um policial rodoviário se nega a pagar e fura a fila. A câmera flagra tudo e ele acaba punido. 14 de maio de 2007. Imagens da câmera de segurança do prédio onde morava mostram a jovem Isabela Tainara, 14 anos, saindo de casa apenas com os livros e cadernos que usaria na aula de inglês imadiatamente antes de ser seqüestrada e morta — as cenas serviriam para ajudar a polícia a descartar a possibilidade de que a menina tivesse simplesmente fugido de casa. 17 de julho de 2007. Câmeras de segurança do aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, mostram o piloto de um avião da TAM — que transportava 186 pessoas — tentando arremeter antes de bater contra o galpão da TAM Express e se incendiar na pista principal do terminal. Um flagrante terrível do maior acidente da aviação brasileira.
O medo da violência e as facilidades tecnológicas provocaram um boom na chamada vigilância eletrônica, que serve para proteger comerciantes, vigiar as ruas e até ajudar na solução de crimes. A sensação que se tem é a de que, qualquer que seja o lugar, estamos sendo observados. Não é à toa. A cada mês são vendidas cerca de 11,5 mil câmeras de monitoramento no país, segundo cálculos das empresas de segurança eletrônica. Estima-se que, hoje, 750 mil olhos eletrônicos vigiem os brasileiros, com lentes zoom que ampliam uma imagem até 400 vezes.
O problema é que falta regulamentação ao setor, deixando o big brother urbano nacional ao gosto do freguês. Na época do “Sorria, você está sendo filmado”, esteja você no trabalho, num shopping ou parado na esquina, qualquer gesto, uma intimidade com o parceiro ou uma brincadeira com o filho podem estar sendo vigiados — e gravados em tempo real — por olhares não autorizados. De olho nesse vácuo, o Congresso começou a discutir até onde o direito à proteção da propriedade esbarra no principio da privacidade.
Crescimento veloz
Pública ou privada, a segurança eletrônica funciona sem regras, de acordo com os limites definidos pelos donos dos equipamentos e por sua finalidade. Existem atualmente 450 mil imóveis monitorados por sistemas eletrônicos de alarmes no país. E o número não pára de crescer. Nos últimos nove anos, esse mercado vem crescendo com taxas médias de 13% ao ano —15%, no ano passado. Governos também apostam nos espiões urbanos para diminuir a criminalidade. Em São Paulo, o poder público aposta no flagrante do olhar eletrônico para combater a criminalidade. Só no ano passado, as ocorrências diminuíram 17% no Centro.
Em Belo Horizonte, o Projeto Olho Vivo, parceria da Câmara de Dirigentes Lojistas com o governo do estado e a prefeitura, espalhou câmeras pela cidade, experiência que já está sendo copiada por municípios do interior. Nos três primeiros anos de existência, o Olho Vivo foi responsável pela redução de 40% da criminalidade em BH. No Rio, um projeto de monitoramento por câmeras foi iniciado em Copacabana, em 2003, com aparelhos espalhados pelo bairro e algumas unidades móveis que ficam na área da orla. O sistema está ligado a um moderno programa de identificação de placas de carros e futuramente poderá dar todos os dados de uma pessoa quando esta estiver sendo filmada. Já são 220 câmeras em toda a cidade.
Para suprir a falta de policiais, Maceió quer instalar câmeras ao longo da orla, o que já gera protestos de quem gosta de passear sozinho pelo calçadão. Em Salvador, os 110 equipamentos utilizados no carnaval permanecerão em alguns trechos dos percursos e o restante será removido para os bairros com maior incidência da violência. Curitiba decidiu combater com 20 câmeras o tráfico de drogas na região batizada de “Cracolândia”, no Centro, onde é freqüente a venda e consumo de crack.
Embora os projetos ainda estejam sendo discutidos, ninguém tem mais dúvidas de que é preciso organizar a bisbilhotice, inclusive a oficial, para que não terminemos como no livro 1984, do escritor inglês George Orwell (1903-1950), criador do mito do Big Brother. O livro, de 1949, sugere que a privacidade e a dignidade humana possam ser completamente destruídas pela vigilância eletrônica permanente. Quem viver, verá.
Em expansão
O mercado brasileiro de segurança eletrônica em números:
8 mil empresas de sistemas eletrônicos de segurança
450 mil imóveis monitorados por sistemas eletrônicos de alarmes no país
400% percentual de crescimento do número de câmeras instaladas no país de 2000 para cá . Us$ 1,2 bilhão faturamento do setor em 2007 — crescimento de 15% em comparação ao ano anterior
Um setor sem regras
“A questão central é: o coletivo deve prevalecer sobre o individual? Hoje não existem regras que impeçam que câmeras de vigilância sejam usadas indevidamente e suas imagens cedidas ou até comercializadas”, aponta uma mulher que entende de circuitos fechados de TV e sistemas de controle de acesso, Selma Migliori, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Segurança Eletrônica (Abese), entidade representativa de um setor que movimentou no ano passado US$ 1,2 bilhão (pouco menos de R$ 2 bilhões).
Diversos projetos estabelecem pela primeira vez regras para empresas prestadoras e contratantes dos serviços de segurança privada e regulamentam o setor de vigilância eletrônica. O mais avançado é o projeto de lei do deputado Michel Temer (PMDB-SP), que tramita em caráter conclusivo na Câmara, atualmente na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado. O projeto diferencia, de um lado, as tradicionais empresas de vigilância de bancos e transporte de valores e, de outro, as empresas de monitoramento eletrônico. Elas seriam autorizadas e fiscalizadas pelo Ministério da Justiça ou pelas secretarias estaduais de Segurança Pública. Depois que for aprovado, o projeto ainda terá que ser regulamentado.
“Mundo seguro é um mundo com menos privacidade. É um paradoxo do próprio direito. Quanto mais você protege a coletividade, menores as liberdades individuais”, admite a advogada Patrícia Peck Pinheiro, especialista em direito eletrônico. Sem regras, existem câmeras para todos os gostos, de sistemas de controle de tráfego em vias públicas e rodovias até o monitoramento em locais de elevada concentração de público. E nada disso existia quando a Lei 7.102, de 1983, que regulamenta o setor, foi feita. Na época, segurança privada se resumia ao trabalho das empresas de transporte de valores e outros serviços de segurança armada. Talvez seja preciso regulamentar também, acreditam empresários do setor, o uso indiscriminado de câmeras camufladas — as microcâmeras e câmeras ocultas usadas até em matérias jornalísticas. Nada disso hoje tem amparo legal.
Correio Braziliense INFRA-ESTRUTURA
Energia extra vai para o Uruguai
Os 300 megawatts/médios (MW/médios) de energia que o Brasil começa a exportar hoje para a Argentina serão repassados ao Uruguai, que está em situação mais crítica. O pedido foi feito pelos argentinos e recebeu sinal verde do governo brasileiro. Atualmente, o Brasil vende somente 72 MW/médios de energia para o Uruguai, que é a capacidade máxima da linha de transmissão que interliga os dois países.
A quantidade de energia que será exportada para a Argentina — produzida por usinas termelétricas movidas a óleo diesel e combustível — poderá chegar a 800 MW/médios já no fim da próxima semana, conforme anunciou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) deverá se reunir nos próximos dias para fazer uma nova avaliação da situação de abastecimento brasileira e poderá aumentar o teto para o máximo possível de 1.500 MW/médios.
A exportação de energia será possível porque na última segunda-feira foram desligadas definitivamente as termelétricas movidas a óleo combustível e a óleo diesel, que estavam em funcionamento no Brasil desde dezembro do ano passado, e geravam entre 2.200 e 2.500 megawatts médios (MW/médios). Ainda estão em funcionamento as térmicas movidas a carvão e a gás natural, com capacidade de 3.600 MW/médios. Todas foram acionadas no início do ano, quando os reservatórios das hidrelétricas chegaram a nível crítico.
Correio Braziliense AUDITORES
Mais 20 dias para liberar cargas retidas
Luciano Pires
Com a suspensão da greve dos auditores-fiscais da Receita Federal a situação em alguns portos brasileiros começou a se normalizar ontem. Apesar do sindicato da categoria ter acertado o retorno oficial só a partir de segunda-feira, uma parte dos servidores retomou suas atividades de imediato. A previsão é que em duas semanas os gargalos criados pela paralisação de mais de 50 dias desapareçam.
No Porto de Santos, o maior do país, mercadorias que estavam acumuladas desde março entraram em ritmo mais acelerado de liberação. Ronaldo Forte, diretor do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em Santos, disse que em 20 dias tudo estará resolvido. “A paralisação já estava perdendo forças nas últimas semanas”, afirma. O desafio agora, completou, é eleger prioridades. “Todo mundo tem carga para liberar, tem de ser para ontem, é urgente. Aqui em Santos estamos como em uma fazenda: a porteira fechou e agora a boiada quer sair toda de uma vez”, brinca.
Em Itajaí (SC) também houve estrangulamento no fluxo de entrada e saída de produtos. Superlotado, o porto bateu recorde de ocupação média diária nos terminais. Portos-secos, localizados na fronteira do Brasil com vizinhos da América do Sul, devem aliviar as filas de caminhoneiros em 10 dias. Transportadoras rodoviárias, atacadistas e o varejo reclamam de prejuízos.
Os auditores que atuam em Foz do Iguaçu (PR) voltaram à rotina depois de aderirem em massa à paralisação. O sindicato local informou que acompanhará de perto as negociações entre o governo federal e o comando de greve até 1º de junho. Caso não haja acordo nos pontos que restam da pauta de reivindicações, os trabalhadores prometem voltar a cruzar os braços. Ontem, 750 caminhões estavam estacionados na Estação Aduaneira do Interior (Eadi), em Foz. Quase 600 aguardavam para entrar no terminal.
Pela proposta do Ministério do Planejamento, os auditores terão, até 2010, reajuste de 40% nos salários inicial e final. O governo concordou ainda em retirar do acordo os itens que modificavam o sistema de avaliação de desempenho para promoção e progressão na carreira. Os auditores tentam agora convencer a Secretaria de Recursos Humanos (SRH) a não descontar os dias parados. O ministro Paulo Bernardo disse, no entanto, que a punição está mantida.
Correio Braziliense PAINEL
Black-tie beneficente
No Rio de Janeiro para a cerimônia de comemoração da vitória na Segunda Guerra Mundial com a presença do vice-presidente, José Alencar, do governador, Sérgio Cabral, e do ministro da Defesa, Nelson Jobim (foto), Mariza Campos Gomes da Silva aproveitou para convidar o governador e a mulher, Adriana Ancelmo Cabral, para participar da festa black-tie no Palácio Itamaraty no dia 30, pelos 200 anos da chegada da família real ao Brasil. A coordenadora-geral da festa, Maria Inês Nogueira, recebeu ligação de Mariza, ainda no Monumento aos Pracinhas, depois da cerimônia. Ouviu a voz do governador confirmando a presença na festa, cuja renda será revertida para a construção do Hospital do Câncer Infantil e de Especialidades Pediátricas, que tem na mulher do vice-presidente a grande madrinha e lutadora pela concretização do projeto que há 30 anos faz parte do sonho de médicos e da população de Brasília e do Brasil Central.
Folha de São Paulo Polícia investiga venda de CDs com fotos de vítimas de naufrágio no AM
RENATA BAPTISTA
A Polícia Civil de Manacapuru (84 km a oeste de Manaus) apreendeu cerca de 200 CDs com fotos dos corpos das vítimas do naufrágio do barco Comandante Sales, ocorrido no último domingo.
Além dos CDs, a polícia também apreendeu gravadores, filmadoras e computadores, que estão sendo submetidos a perícia. Ninguém foi detido.
De acordo com o delegado Antônio Rodrigues, se a denúncia for confirmada, o responsável poderá ser preso por vilipêndio a cadáver (tratar cadáver de forma desrespeitosa). A pena prevista no Código Penal para o crime varia de um a três anos de detenção, e multa.
"As famílias das vítimas também podem processar civilmente quem fez e vendeu o CD", disse Rodrigues. De acordo com denúncias feitas à polícia, os CDs estavam sendo vendidos por valores entre R$ 20 e R$ 25.
Buscas
As buscas pelos corpos das vítimas do naufrágio, feitas nos rios Solimões e Amazonas, foram encerradas hoje, no final da tarde.
O comandante do Corpo de Bombeiros do Amazonas, Antônio Dias dos Santos, disse que está sendo feito um trabalho de orientação com a população ribeirinha e pescadores para que informem eventuais ocorrências a uma das três bases que ficarão de plantão nos rios.
Ao todo, 46 corpos de vítimas do naufrágio foram localizados até hoje. A estimativa é que ainda haja de 10 a 15 desaparecidos. "A cada hora que passa é mais remota a possibilidade de encontrarmos algum corpo, por isso vamos retirar as equipes da água", disse Santos.
A embarcação de madeira não era registrada na Capitania dos Portos e tinha capacidade para 50 pessoas. Sobreviventes disseram à polícia que havia até 150 passageiros no barco. O dono da embarcação morreu na tragédia.
Folha de São Paulo Países da América do Sul se reúnem para definir estratégia na Antártida
O Brasil e mais seis países sul-americanos que desenvolvem estudos no continente antártico vão se reunir na próxima semana para definir estratégias de pesquisas na Antártida.
No encontro, que acontece nos dias 12 e 13 de maio no Rio de Janeiro, representantes de Brasil, Argentina, Chile, Equador, Peru, Uruguai e Venezuela vão desenvolver uma oficina de trabalho a fim de estimular a interação entre os cientistas dos sete países.
Segundo o ministério da Ciência e Tecnologia, que organiza o encontro, o evento terá a participação de 50 pessoas ligadas às áreas científica, de logística e financiamento. Os grupos de cada área vão discutir a situação atual dos países. A intenção é elaborar um documento final, de onde poderá sair uma estratégia para otimizar a integração.
A base de pesquisas brasileira no continente antártico é a Estação Antártica Comandante Ferraz, administrada pela Marinha do Brasil.
Construída na década de 80, a estação realiza pesquisas de monitoramento ambiental e atmosférico, além de estudos sobre a repercussão das mudanças que vêm ocorrendo no continente.
Jornal de Brasília Ministra diz que não se pode governar Amazônia só com ações de comando e controle
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse hoje (9) que as tensões e os conflitos ocorridos na Amazônia não podem ser resolvidos apenas por meio de ações das Polícias Federal, Militar e Ambiental e pelo controle do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“O que está acontecendo na Amazônia é um processo de retirada da ilegalidade com a firme decisão de que não se vai retroceder em relação às medidas. Mas não temos como governar 23 milhões de seres humanos [que vivem na região] apenas com ações de comando e controle”, avaliou.
Em entrevista a emissoras de rádio no estúdio da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em Brasília, a ministra afimrou que o “esforço” dos Ministérios do Meio Ambiente e da Justiça já levou à cadeia 665 pessoas acusadas de praticar atividades ilegais na Amazônia, além de desmontar 1,5 mil empresas e inibir 66 mil propriedades envolvidas com grilagem na região. “Isso gera um tensionamento muito forte”, acrescentou.
Marina Silva destacou também a importância de medidas como o Plano de Combate ao Desmatamento – uma das ações previstas no Plano Amazônia Sustentável (PAS), lançado ontem (8) pelo governo federal – ,que prevê o combate às políticas ilegais e o apoio às práticas produtivas sustentáveis.
Em relação ao papel atribuído à Amazônia diante das mudanças climáticas, a ministra lembrou que 50% da chuva na região é produzida pela própria floresta, “que presta um serviço ambiental de equilíbrio ao país e ao mundo”.
Ao avaliar a pecuária praticada na Amazônia, a ministra avaliou como "antiprodutiva" a criação de gado extensiva (por hectare), sobretudo se comparada ao sistema de sustentabilidade proposto pelo Plano Amazônia Sustentável. “As medidas estão sendo tomadas exatamente para que se tenha uma inversão da lógica anterior.”
Jornal do Brasil Esforço para salvar museu
Registros da Segunda Guerra podem ser perdidos
Felipe Sáles
As batalhas sem fim que ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) travam por sua história ganhou ontem novo fôlego, mas os tambores da guerra ainda estão longe de cessarem. Depois de quase fecharem ontem portas do Museu da FEB, que guarda registros da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, o Exército brasileiro recrutou oito militares para atuarem na administração do museu e, até o fim deste mês, decidirá se vai haver ou não ajuda financeira.
Foram mais de três horas de reunião entre a cúpula do Exército e o presidente da Associação Nacional dos Veteranos da FEB (Anvfeb), coronel Hélio Mendes, de 83 anos – o mais jovem veterano. Os ex-combatentes fechariam as portas hoje devido às dificuldades financeiras.
Mensalidade de apenas R$ 20
A Anvfeb, que já contou com 14 mil sócios, mantém o museu com o apoio de cerca de 700 sócios, viúvas e familiares de veteranos mortos. Apenas em torno de 500, porém, contribuem com a mensalidade de R$ 20 para manter o museu, o mausoléu e catacumbas nos cemitérios do Caju e São João Baptista, além da assistência jurídica aos veteranos e familiares.
– Não vamos aceitar desmembramentos da nossa casa – afirma Mendes. – Ou mantém tudo como está ou as portas serão fechadas.
O coronel estipula em R$ 25 mil mensais a verba necessária. Além do próprio Exército, Mendes conta que já pediu ajuda "a Deus e o mundo" para não ter de fechar as portas. Governo federal, estadual e municipal, além do próprio Exército, já prometeram ajudar os veteranos. Uma das últimas respostas veio da Firjan, que argumentou restrições orçamentárias.
Entre as relíquias históricas guardadas na sede estão uma bandeira e uniforme de um soldado nazista – com o detalhe de uma caveira no chapéu – e o uniforme do Marechal Mascarenhas de Moraes usado na Segunda Guerra. Apesar do marechal nunca ter levado um tiro, sua roupa já possui 63 furos, corroída por traças ao longo de anos de abandono da história.
Jornal do Brasil Colômbia e Equador buscam aproximação
Os vice-chanceleres do Equador e da Colômbia se encontram em Lima em busca de uma reaproximação diplomática. Iniciativa da OEA, o encontro visa a restabelecer as relações diplomáticas rompidas depois da ação militar da Colômbia contra um acampamento da guerrilha Farc em território equatoriano, qualificado pela comunidade internacional como um ato de violação da soberania do Equador. O dirigente rebelde Raúl Reyes foi morto na operação.
O Estado de São Paulo Medvedev alerta contra 'ambições irresponsáveis'
Novo líder russo faz crítica velada aos EUA durante desfile militar
Ap e The Washington Post
Numa clara demonstração de força, a Rússia fez ontem seu primeiro grande desfile militar desde 1990, com direito à participação de tanques e mísseis. Na primeira cerimônia como presidente russo, Dmitri Medvedev fez um alerta ontem sobre “ambições irresponsáveis” de alguns países, numa aparente crítica aos EUA. Desde o começo de 2007, quando Washington anunciou planos para instalar um escudo antimíssil na Europa, as relações entre os dois países se deterioraram.
No desfile de ontem, para celebrar a vitória dos aliados na 2ª Guerra, 8.000 soldados marcharam pela Praça Vermelha, ao lado de centenas de veículos militares.
Segundo Medvedev, as Forças Armadas russas estão reconquistando “sua força e poder”. Ao lado de seu antecessor e atual premiê, Vladimir Putin - que no desfile do ano passado comparou os EUA à Alemanha nazista -, Medvedev fez um duro discurso. “Não devemos permitir o desrespeito às leis internacionais”, afirmou o presidente russo, criticando ainda “intenções de ingerência e, especialmente, a de redesenhar fronteiras”. O apoio dos EUA em fevereiro à independência de Kosovo da Sérvia - aliada de Moscou - irritou a Rússia.
Medvedev alertou ainda sobre o perigo de um conflito armado. “A história nos mostra que os conflitos armados não começam sozinhos. Eles são criados por ambições irresponsáveis que atropelam os interesses dos países e continentes inteiros, os interesses de milhões de pessoas.”
A reconstrução do poderio do Exército russo, que entrou em colapso após o fim da União Soviética, em 1991, foi uma das prioridades do governo de Putin, que aumentou em oito vezes o orçamento anual das Forças Armadas (hoje cerca de US$ 40 bilhões). Nos últimos meses, a Rússia retomou as patrulhas aéreas na região, além de ameaçar apontar mísseis para a Ucrânia.
A demonstração de força, porém, parece não ter impressionado alguns países. “Se eles querem pegar aqueles equipamentos velhos e levá-los para dar uma volta, que fiquem à vontade”, disse na segunda-feira, o assessor de imprensa do Pentágono, Geoff Morrell.
O Estado de São Paulo Tenente da PM vai para força da ONU em Kosovo
Pela primeira vez, policial paulista reforçará comando internacional
Camilla Rigi
Há 15 anos, a tenente Denise Pereira Pinto, da Polícia Militar de São Paulo, acompanha pelo noticiário e admira o trabalho das missões da Organização das Nações Unidas (ONU) em países com conflitos internos. Hoje, aos 40 anos, ela prepara as malas para deixar a capital paulista e tomar parte em uma das missões de paz da ONU, em Kosovo. “É uma felicidade muito grande. E uma forma de ajudar outras pessoas”, afirma.
A tenente Denise é a primeira mulher da Polícia Militar de São Paulo a integrar uma força de paz. Amanhã, ela e outros 19 policias brasileiros embarcam para Kosovo. Ontem, o dia foi de homenagens no 34º Batalhão da PM, no centro de São Paulo, e despedidas dos colegas e da família. “Agora temos a internet e dá para manter o contato com todos e tranqüilizar a família.” Denise confessou que a sua mãe, Maria Neuza Castelli Pereira Pinto, de 66 anos, ficou um pouco preocupada quando soube da viagem, mas depois a apoiou. “O nosso dia-a-dia aqui também não é muito fácil”, considera.
A preparação para conseguir uma vaga no grupo seleto começou em 2001. “A primeira vez que tentei não passei, mas insisti”, conta. O teste de seleção foi realizado sob a coordenação e responsabilidade do Exército Brasileiro em julho de 2007, no Recife. Denise passou por provas de domínio do idioma inglês, uma avaliação psicológica, testes de habilidade para dirigir veículos 4x4 e uma prova de tiro. A boa notícia com a aprovação chegou em fevereiro deste ano.
Quando fez os testes, a tenente não sabia para onde poderia ir. Eram quatro destinos possíveis - Kosovo, Haiti, Sudão e Timor Leste. Desde que soube que seria designada para Kosovo, uma nova fase do processo começou: a busca por informações sobre os conflitos no território, costumes e clima. “Conversei muito com um policial do Rio que estava lá. Eu estava com medo do frio, mas, como vou chegar na primavera, acho que não terei muito problema.” Denise ficará um ano fora do País.
A tenente ingressou na Polícia Militar em 1987, como soldado feminino. Em 1993 entrou para a Academia de Polícia Militar do Barro Branco e dois anos depois saiu como Aspirante Oficial. “Quero colocar em prática lá tudo o que aprendi na polícia aqui”, diz.
Desde 1940, a ONU envia forças de paz para zonas de conflitos, mas somente na década de 1960 começaram a ser enviadas também forças policiais. Esses profissionais fazem serviços de preservação e manutenção da ordem pública. Além disso, os oficiais auxiliam no transporte de presos, na assistência às mulheres vítimas de violência, no recadastramento de famílias e refugiados e na escolta de autoridades.
O Globo Nobre liderança
As fontes renováveis já correspondem a 46,4% da matriz energética brasileira, enquanto no mundo essa média não passa de 12%. Considerando-se apenas os países ricos, a participação das fontes renováveis cai para 8% na matriz energética. Esse quadro se deve principalmente ao aproveitamento da energia das hidrelétricas e à cadeia produtiva do etanol, que, no ano passado, passou a representar 16% da matriz, ficando atrás apenas do petróleo e seus derivados (36,7%). Embora a lenha e o carvão vegetal também estejam entre as fontes renováveis, o Brasil vem dando uma contribuição expressiva no uso de energia limpa.
Com os ganhos de produtividade do setor e o aproveitamento da biomassa para geração de energia elétrica (estima-se que o potencial seja equivalente à capacidade de uma Itaipu), a contribuição do setor sucroalcooleiro crescerá ainda mais, de modo que, provavelmente no início da próxima década, as fontes renováveis podem vir a responder por mais de 50% da matriz energética brasileira. Isto significará mais empregos, renda, recolhimento de impostos no campo, e, principalmente, menos impacto ambiental.
Não deixa de ser uma lição para o mundo que o consumo de etanol no Brasil já supere o da gasolina, combustível derivado do petróleo. E, graças ao álcool, o consumidor brasileiro não sentiu no bolso todo o forte impacto da alta das cotações do petróleo no mercado internacional.
Não está longe o dia em que outros mercados consumidores vão se incorporar ao uso do etanol brasileiro, originário da cana-de-açúcar.
O Globo Chefe de Polícia critica ONGs de direitos humanos
Para delegado Gilberto Ribeiro, entidades são parciais e não investigam se houve realmente violência policial
Jorge Antonio Barros e Vera Araújo
O chefe de Polícia Civil, delegado Gilberto Ribeiro, fez duras críticas às entidades de defesa dos direitos humanos, acusando-as de serem parciais. Segundo ele, essas organizações não verificam se houve realmente violação dos direitos. Gilberto disse que nunca foi procurado por elas para discutir o assunto fora dos momentos de crise, quando há mortos em confrontos nas operações policiais. A ONG Justiça Global contradisse o delegado, alegando nunca ter sido recebida por ele.
- Elas não se colocam de forma isenta. Há apenas a necessidade de fazer um discursos dizendo que a polícia violou os direitos humanos. Não há um cuidado para saber se de fato houve violação. Fala-se muito em direitos humanos dos criminosos e se esquece dos direitos humanos da população e, especialmente, dos policiais, que são caçados e executados com muita freqüência. Não se vê uma única manifestação de apoio às famílias desses policiais que morrem em defesa da sociedade - criticou o delegado.
Ribeiro disse que a polícia está de portas abertas para discutir o tema. Em junho de 2007, quando confrontos no Complexo do Alemão terminaram com a morte de 19 pessoas apontadas por policiais como bandidos, um integrante da ONU procurou a Chefia de Polícia exigindo explicações. Segundo Ribeiro, o representante questionou a conduta da polícia.
Justiça Global diz que nunca foi chamada pela polícia
Ao ser perguntado sobre o aumento no número de autos de resistência, Ribeiro alegou que, ao longo dos anos, não houve uma política de enfrentamento como a atual:
- Se você realiza mais operações, é evidente que o número de confrontos cresce e aumentam os autos de resistência. Em nenhum lugar do mundo existe esta geografia daqui. O estado tem o dever de entrar em todas as áreas para dar segurança à população. Se os criminosos nos rechaçam, isso nos obriga a agir. Ao longo destes anos, percebemos que, quando não há enfrentamento, não há baixas.
A diretora executiva da ONG Justiça Global, que trabalha com proteção e promoção dos direitos humanos, Sandra Carvalho, afirmou que sua entidade nunca foi chamada pelo governo para discutir o assunto, embora sempre tenha procurado o diálogo:
- Estamos cansados de ouvir esse discurso por parte da polícia. O governador, enquanto candidato, disse que respeitaria os direitos humanos, que era contra os caveirões e que segurança não se fazia com matança. A Justiça Global nunca foi recebida por ele ou por representantes da segurança.
Para a diretora, o fato de a ONG denunciar as violações dos direitos humanos, principalmente nas comunidades pobres, tem incomodado as autoridades da área de segurança.
- Estão tentando tirar a nossa legitimidade. É fato: houve aumento no número de autos de resistência e diminuição das prisões e da apreensão de armas. É uma segurança pública baseada numa política de extermínio. A gente se preocupa com os policiais, sim. Por isso, estamos preocupados com o planejamento inteligente das operações, sem matança indiscriminada.
O Globo Nostalgia soviética em Moscou
Blindados e mísseis participam de desfile pela 1ª vez desde o fim da URSS
Vivian Oswald
MOSCOU. Pela primeira vez após o colapso da URSS em 1991, blindados e mísseis cruzaram a Praça Vermelha para comemorar a vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Este ano, a tradicional parada militar do Dia da Vitória teve proporções nunca vistas na Rússia pós-soviética. A grandiosidade foi proporcional à imagem que o ex-presidente Vladimir Putin e seu sucessor, Dmitri Medvedev, querem passar do país para o resto do mundo.
No início da madrugada, 111 tanques de guerra e caminhões com armamento - como o novo míssil balístico intercontinental Topol-M - se posicionaram na principal avenida da cidade. Seguindo a tradição soviética, o desfile pôde ser assistido in loco apenas por convidados especiais e foi transmitido ao vivo pela TV. Mais de 30 aviões militares e helicópteros sobrevoaram a capital russa.
Este tipo de demonstração de força era comum no período da Guerra Fria, quando a intenção era desafiar o Ocidente e mostrar o poderio bélico da URSS. Para analistas, o desfile de ontem teve um significado a mais. Se, no seu discurso de posse Medvedev tentou dar um recado mais liberal, a parada militar seria a outra face da mesma moeda: a Rússia querendo se afirmar no novo contexto global.
Num tom nacionalista, Medvedev disse que é preciso fazer tudo para evitar que as tragédias do passado se repitam.
- É preciso um enfoque sério em relação a qualquer tentativa de semear disputas raciais ou religiosas, fomentar a ideologia do terrorismo e do extremismo, e interferir em questões de outros Estados, sem falar nas tentativas de revisar fronteiras - afirmou ele, ao lado de Putin.
TRAGÉDIA NO AMAZONAS
45 mortos e 26 desaparecidos

As buscas de ontem no Rio Solimões elevaram para 45 o número de mortos confirmados no naufrágio da embarcação Comandante Sales 2008, ocorrido no domingo na região de Manacapuru, distante cerca de 80km de Manaus (AM). De acordo com o Corpo de Bombeiros, os 11 corpos encontrados ontem estavam entre as cidades de Manacapuru, Iranduba e Manaus. As autoridades locais divulgaram que ainda restam 26 desaparecidos — cálculo feito a partir de depoimentos de sobreviventes e da procura de parentes por familiares.

No próprio domingo e na segunda-feira, as equipes localizaram 17 corpos. Outras 17 vítimas foram encontradas na terça. Até agora, 70 pessoas conseguiram ser resgatadas com vida. O Instituto de Medicina Legal (IML) de Manaus (AM) já identificou e liberou 34 corpos para os familiares das vítimas.

Sem documentação
O acidente ocorreu quando o barco saía da localidade de Lago Pesqueiro. Levava pessoas que participavam da chamada Festa do Divino. No momento do acidente, a embarcação estava se deslocando para Manacapuru. O barco não tinha lista de passageiros — devido a isso, não há certeza sobre o número de possíveis vítimas — nem documentação que permitisse o transporte de passageiros. Ele chegou a ser flagrado no início do ano, mas, sem ter como mantê-lo retido, a Capitania dos Portos liberou a saída da embarcação, com o compromisso de que o proprietário, Francisco Sales, o mantivesse parado enquanto a situação não fosse regularizada. Sales nada fez. E acabou morrendo no acidente de domingo.


Folha de São Paulo Irã é ameaça para América Latina, dizem EUA
Para diplomata, Teerã usa região para fustigar Washington; ministro colombiano ataca intenção "expansionista" de Chávez

O chefe da diplomacia americana para América Latina, Thomas Shannon, disse ontem que o Irã utiliza a região para romper o isolamento internacional e fustigar os EUA e que o país persa pode se tornar "um fator de violência" no continente.

Shannon, secretário-assistente de Estado para o Hemisfério Ocidental, afirmou que o Irã, a quem os EUA acusam de apoiar terroristas, "encontra na América Latina uma forma de mostrar que pode se expressar". "É uma forma de atuar contra nós", disse, na conferência anual organizada pelo Conselho das Américas, que reúne empresas e investidores americanos com interesses na região.

O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, tem estreitado relações diplomáticas com a Venezuela de Hugo Chávez, principal voz antiamericana na região. Os dois países, em encontros com tom "antiimperialista", já assinaram cerca de 200 convênios num total de US$ 9 bilhões. No poder, Chávez já visitou seis vezes Teerã.

Ahmadinejad também tem se aproximado da Bolívia de Evo Morales, aliada de Caracas, país que visitou em 2007 para fechar acordos de cooperação.

Shannon afirmou que os serviços de inteligência dos EUA estão monitorando as conexões entre o partido e a milícia radical xiita Hizbollah, com base no Líbano, e grupos ilegais na região. Voltou a acusar o Irã de ter tido "um papel" no atentado terrorista em uma associação israelita que matou 85 pessoas em Buenos Aires, em 1994.

"Chamamos os serviços de inteligência e policiais [da região] a monitorar essas atividades, porque não queremos que o Irã se converta em fator de violência nas Américas", disse.

Bush e Colômbia
O presidente dos EUA, George W. Bush, também falou no encontro, nas instalações do Departamento de Estado americano, em Washington, e voltou a cobrar a aprovação do Tratado de Livre Comércio do país com a Colômbia, barrado pela maioria democrata no Congresso, e a criticar Chávez.

Defendeu o governo do aliado colombiano Álvaro Uribe, alegando que ele tem de lidar com a Venezuela, "um vizinho hostil e antiamericano", que "forjou uma aliança com Cuba e colabora com os terroristas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)". Disse que o país oferece um "santuário seguro" à guerrilha.

As críticas a Chávez e aliados foram reforçadas pela dura palestra do ministro da Defesa da Colômbia, Juan Manuel Santos, para quem os governos "bolivarianos" são "neopulistas e autocráticos", não respeitam a propriedade privada e nem os direitos democráticos.

"O espectro de que falo é essencialmente expansionista e não hesitará em violar o princípio da não-intervenção, e usar vastos recursos, incluindo narcodólares", continuou o ministro, acrescentando que se o movimento tiver êxito, a região "retrocederá" décadas.

As declarações de Santos foram os ataques mais duros desde a crise diplomática na região, detonadas pelo bombardeio de Bogotá a um acampamento das Farc em território equatoriano e março.


Jornal do Brasil Lista de mortos aumenta para 41
Bombeiros estimam que outros 25 passageiros estejam desaparecidos

Manaus
O Corpo de Bombeiros confirmou ontem que 41 corpos de vítimas do naufrágio ocorrido na madrugada de domingo foram resgatados das águas do rio Solimões, no Amazonas. Equipes mantêm as buscas a outras vítimas.

De acordo com o setor de Comunicação dos bombeiros, foram resgatados os corpos de 22 homens, 18 mulheres e uma criança. Ao menos 33 já foram identificados pelo Instituto Médico Legal (IML).

O acidente aconteceu na localidade de Lago do Pesqueiro, na cidade de Manacapuru (AM), quando a embarcação transportava 80 pessoas, de acordo com a Marinha. Os bombeiros afirmam que uma lista não oficial aponta que entre 20 e 25 pessoas permanecem desaparecidas.

– É difícil precisar o número exato pois não havia um registro oficial de quantos passageiros o barco transportava – observa a secretária de Trabalho, Assistência Social e Habitação da prefeitura do município, Marta Regis Afonso.


O Estado de São Paulo Exército terá mais pelotões em áreas indígenas
Planalto quer mostrar que não há empecilho para entrada e atuação de militares em reservas
Tânia Monteiro e Vannildo Mendes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva autorizou ontem o Exército a instalar cinco novos pelotões de fronteira em terras indígenas, preferencialmente na Região Norte, na área da reserva Raposa Serra do Sol, vizinha à Guiana e à Venezuela. Isso elevará o número de pelotões dos atuais 24 para 29. “É o mínimo para uma implantação imediata. Mas será preciso instalar muito mais pelotões porque a área é muito rarefeita”, disse ao Estado o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Segundo ele, ao fim da reunião com Lula, o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o comandante do Exército, Enzo Peri, ficou acertado que a Força apresentará o plano de criação dos pelotões dentro de 40 dias. “E a instalação é para acontecer em seis meses”, afirmou Jobim.

O governo decidiu ainda que vai inserir um artigo no Decreto 4.412, de outubro de 2002, que “dispõe sobre a atuação das Forças Armadas e da Polícia Federal nas terras indígenas”. O objetivo é deixar bem claro que não há empecilho de nenhuma natureza para a entrada, ocupação e operação do Exército nas áreas indígenas.

O Brasil não vai aceitar, por exemplo, a recomendação da Declaração dos Povos Indígenas, aprovada na Organização das Nações Unidas (ONU) no ano passado, segundo a qual será preciso autorização do Conselho Nacional de Defesa para o envio de tropas para as reservas. O Brasil assinou a declaração, apesar de ela falar em “autodeterminação” para os territórios indígenas. Estados Unidos, Canadá, Austrália e Nova Zelândia não aprovaram o texto da ONU.

As decisões tomadas ontem são uma resposta ao questionamento feito por militares e civis em torno da ação de algumas organizações não-governamentais (ONGs) que chegam a barrar a entrada dos militares nas áreas indígenas. Em entrevista ao Estado, no dia 27 de abril, o deputado e ex-ministro Aldo Rebelo (PC do B-SP) disse ter presenciado ONGs fazendo isso no Norte do País.

DESARMAMENTO
De acordo com Tarso, o governo quer estender à população indígena da Raposa Serra do Sol a operação de desarmamento. A ofensiva já atingiu fazendeiros e jagunços, na segunda-feira, depois do conflito em que dez índios foram feridos a bala.

O ministro disse que a situação está sob controle e não há risco imediato de novo conflito, mas o governo se antecipará a uma eventual convulsão após a decisão final que o Supremo Tribunal Federal (STF) tomará, nos próximos dias, sobre a demarcação da reserva. “Vamos desarmar toda a região, não só fazendeiros, mas índios e não-índios em geral, de modo a restabelecer a paz e a normalidade na área”, disse. “Se alguém for pego com arma será desarmado e responderá a processo legal.”

A posição do governo, segundo o ministro, continua sendo em favor da demarcação da reserva em área contínua, conforme estabelece o decreto de abril de 2005, mas enfatizou que qualquer que seja a decisão do STF ela será respeitada. “A decisão que o STF tomar será acatada como a posição do estado.”


O Estado de São Paulo ACIDENTE
Mais 12 corpos resgatados no AM
Já chegam a 46 os mortos em naufrágio no Rio Solimões, segunda maior tragédia no Estado em dez anos
André Alves

O naufrágio do barco Comandante Sales 2008, ocorrido na madrugada do domingo, no Rio Solimões, já é considerado o segundo maior dos últimos dez anos no Amazonas, em número de vítimas. O número de mortos deste acidente chega a 46. Ontem, as equipes de resgate que “varrem” o rio em busca de desaparecidos encontraram mais 12 corpos, alguns, a até 30 quilômetros do local em que ocorreu o naufrágio.

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Antônio Dias, entre os 12 corpos encontrados ontem havia um homem e uma mulher que estavam juntos e foram resgatados a 20 quilômetros de distância do local do acidente. Outros corpos foram localizados perto do encontro dos Rios Negro e Solimões, próximo da Ceasa de Manaus (Central de Abastecimento do Amazonas), a 30 quilômetros de onde o barco Comandante Sales naufragou.

Ao todo, foram oito homens e quatro mulheres resgatados ontem. O coronel Antônio Dias acredita que os corpos encontrados a quilômetros de distância são de pessoas que tentaram se salvar, mas, sem saber para onde nadavam, acabaram indo para o meio do Rio Solimões, e foram levados pela correnteza. A embarcação Comandante Sales 2008 naufragou na madrugada do último domingo, às 5h45, antes do sol nascer.

Para o prefeito de Manacapuru, Washington Régis, cidade natal de todas as vítimas do acidente, o número total de passageiros mortos na tragédia poderá chegar a 50. Até ontem, a estimativa era de que pelo menos dez pessoas continuavam desaparecidas. Diariamente, mais queixas de parentes reclamando por familiares desaparecidos chegam à Prefeitura de Manacapuru e ao Corpo de Bombeiros.

NÚMEROS
Em quantidade de vítimas, o acidente com o barco Comandante Sales 2008 é inferior apenas ao naufrágio da embarcação Ana Maria VIII, que afundou no Rio Madeira em 1999, também no interior do Amazonas, deixando 52 mortos. A informação é do 9º Distrito Naval, responsável pela fiscalização de barcos na Amazônia Ocidental (Amazonas, Roraima, Rondônia e Acre).

Nos últimos três anos ocorreram 50 naufrágios na Amazônia Ocidental, que vitimaram 64 pessoas. Ao todo, foram 132 acidentes (entre colisões e naufrágios) de 2005 a 2008, provocando 98 vítimas fatais. Só em 2005 houve 34 naufrágios na Amazônia Ocidental, segundo dados da Marinha. Em 2006, foram 9 e, no ano seguinte, 12. Com o naufrágio do Comandante Sales 2008 chega a dez o número de naufrágios só este ano na região.

A malha fluvial da Amazônia Ocidental mede, aproximadamente, 22 mil quilômetros. A Capitania dos Portos Fluvial da Amazônia Ocidental tem 550 homens para fiscalizar cerca de 16 mil embarcações legais que trafegam a região. Segundo o comandante da Capitania dos Portos, Dennis Teixeira, o número de agentes é suficiente para monitorar toda a região.

BUSCAS
As buscas por corpos de desaparecidos ainda conta com um batalhão de aproximadamente 100 homens, entre agentes da Marinha, do Exército, dos Bombeiros e das policiais Civil e Militar. Um helicóptero e 14 lanchas são usados na operação.


O Estado de São Paulo EUROPA
Russos mostram força em parada

O Kremlin planeja coroar a cerimônia de posse de Dmitri Medvedev com a tradicional parada militar anual, que celebra, amanhã, a vitória russa sobre a Alemanha nazista em 1945.

O desfile deste ano na Praça Vermelha será o maior desde a época da Guerra Fria, com aviões bombardeiros, canhões, lançadores de mísseis e colunas de tanques. Será a primeira vez desde 1990, um ano antes do colapso da União Soviética, que a parada apresentará artilharia pesada.

Os EUA afirmaram que não estavam preocupados com a parada militar russa. “Se eles querem pegar aqueles equipamentos velhos e levá-los para dar uma volta, que fiquem à vontade”, disse, na terça-feira, Geoff Morrel, secretário do Pentágono.

Segundo analistas, a gigantesca parada é uma demonstração de força de Moscou e também uma maneira de mascarar as atuais condições de seu Exército, cujo poderio e a mentalidade ainda estão muito ligados ao passado soviético.

“Eles vão exibir os equipamentos militares mais modernos que possuem, mas esses armamentos ‘de última geração’ são bastante obsoletos”, disse à agência ‘Reuters’ o general da reserva holandês Marcel de Haas, pesquisador do instituto Clingedael.

O poderio militar russo tem sido o motivo de atenção internacional. Moscou ameaçou, por exemplo, atacar a Geórgia se o país invadir regiões separatistas apoiadas pela Rússia, como a Abkházia.


O Estado de São Paulo SIDERURGIA
CSN investirá US$ 2,2 bi no Porto de Sepetiba
Steinbruch diz que a CSN vai se tornar a segunda maior siderúrgica do mundo em valor de mercado
Natalia Gómez e Mônica Ciarelli

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), que hoje ocupa o quinto lugar no ranking siderúrgico mundial, anunciou ontem investimento de US$ 2,2 bilhões (R$ 3,7 bilhões, ao câmbio atual) na ampliação de suas instalações no Porto de Sepetiba, no Rio. O projeto, que estará concluído até 2013, visa atender ao aumento das exportações de minério de ferro e produtos siderúrgicos. Prevê até a construção de um porto privativo, já batizado de Lago de Pedra, tradução do tupi Itaguaí, município onde está localizado o porto.

O anúncio foi feito durante conferência com analistas do mercado financeiro para apresentação do balanço da companhia. No primeiro trimestre a CSN registrou lucro de R$ 767 milhões, uma alta quase inexpressiva em relação ao resultado do mesmo período de 2007, de R$ 763 milhões. Mas não suficiente para frear o entusiasmo do presidente da empresa, Benjamin Steinbruch, que chegou a prever para o segundo trimestre o melhor resultado de toda a história da companhia.
“Temos todas as matérias-primas compradas aos preços antigos e contaremos com os preços mais elevados de aço e minério de ferro”, disse. O direcionamento das vendas de aço para o mercado interno, que oferece melhores preços, ajudará a companhia. Ele calcula que o mercado de minério de ferro permanecerá aquecido até 2012, graças ao que classificou como um ciclo virtuoso na demanda mundial, impulsionado pela China e por outros países emergentes, como Índia, Rússia e Brasil. “Não vejo como a China poderia parar de crescer”, afirmou.

Steinbruch também assumiu o compromisso de levar a CSN à segunda colocação no ranking do setor, em valor de mercado, até o dia da apresentação dos resultados do segundo trimestre. Segundo ele, o que separa hoje a CSN da coreana Posco, segunda maior do mercado, é um valor de US$ 3 bilhões. A Posco tem valor de U$ 44,2 bilhões. “Temos essa obrigação, mas não é uma questão de criatividade. É a maturação dos investimentos realizados pela companhia”, disse.
Nos próximos quatro ou cinco anos, a empresa pretende chegar a US$ 90 bilhões de valor de mercado - a maior empresa do mundo no setor, a Arcelor Mittal, vale hoje US$ 144 bilhões. “Estamos vivendo um bom momento para o mundo por causa da entrada de novos consumidores”, afirmou.

PORTO
O porto privativo da CSN funcionará próximo ao Porto de Sepetiba, em uma área pertencente à companhia. O novo terminal terá investimentos de US$ 719 milhões, além de US$ 283 milhões em uma área de armazenagem. Segundo o diretor de portos e logística da companhia, Davi Cade, o porto terá como vantagem a distância em relação aos centros urbanos e a proximidade da ferrovia da MRS. “O porto privativo está em fase inicial de licenciamento”, disse.

Segundo Cade, o fato de o terreno pertencer à CSN torna o custo do projeto mais competitivo em comparação aos portos públicos. A capacidade anual será de 60 milhões de toneladas de minério de ferro, 12 milhões de toneladas de carvão e 11 milhões de toneladas de carga geral e produtos siderúrgicos.
O projeto inclui a construção de um centro de apoio logístico que ficará no arco que liga todas as rodovias que chegam ao Rio de Janeiro e próximo ao porto de Sepetiba.

CASA DE PEDRA
O diretor-financeiro da CSN, Otávio Lazcano, foi enfático ao afirmar que a empresa nunca se comprometeu oficialmente a fazer uma oferta pública de ações da Mina de Casa de Pedra. “Nunca houve uma data ou um pedido de registro da operação”, lembrou, dizendo que não há data para a oferta pública inicial e “nem sequer o compromisso em fazê-la”. O executivo explicou que até o momento a CSN apenas informou ao mercado financeiro sua intenção em estudar diversas opções que pudesse trazer valor para os ativos de mineração.


O Globo Urânio: país pode quebrar monopólio
Dilma diz que governo estuda entrada do setor privado no segmento nuclear
Gustavo Paul e Cristiane Jungblut

BRASÍLIA. O governo estuda a entrada da iniciativa privada no processo de produção e enriquecimento de urânio, com vistas às futuras usinas e térmicas nucleares a serem construídas no Brasil. A flexibilização do histórico monopólio estatal do setor foi admitida ontem pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante o depoimento sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Comissão de Infra-estrutura do Senado. A ministra alertou que o país precisará incrementar o parque gerador nuclear, pois entre 2020 e 2030 o atual modelo energético, baseado na geração hidrelétrica e nas térmicas a gás, óleo e carvão, estará próximo do esgotamento.

A entrada do capital privado neste ramo é uma demanda de grandes empresas de mineração, como a Vale, que vai investir na Austrália. O empresário Eike Batista, dono da holding EBX, também já disse querer explorar o minério. Há no mundo um mercado potencial de US$12 bilhões de compra e venda de urânio, ávido por fornecedores, mas o monopólio estatal impede a entrada das empresas privadas no setor.

O Brasil detém a sexta maior reserva conhecida do planeta. E, nos últimos anos, a demanda internacional cresceu a tal ponto que se calcula que haja um déficit de cerca de 60 mil toneladas para atender aos interessados.

Usina de Angra 3 vai custar ao governo R$7,3 bilhões
Dilma disse que a construção da usina nuclear de Angra 3 está garantida e que outras virão, como já indica o planejamento do setor elétrico. As projeções comportam a existência de oito usinas no país até 2030.

- A gente acredita que mais de uma usina será necessária nos próximos anos.

Segundo ela, para atender à demanda, o governo deve contar com a ajuda privada:

- Existem alguns cenários que não só dizem respeito às usinas e à cadeia da energia nuclear: a produção, exploração e enriquecimento de urânio. E como se daria a participação, nesse caso, da iniciativa privada?

A ministra disse que o governo tem pressa:

- Tem de começar a fazer agora, porque, em média, uma usina demora de cinco a seis anos para ser feita.

No caso de Angra 3, usina que irá gerar 1.350 megawatts (MW) e vai custar R$7,3 bilhões, o governo aguarda a conclusão do estudo de impacto ambiental, que deve ficar pronto em junho. A data prevista para a conclusão da obra é maio de 2014.



O Globo Quebra-cabeça climático
Reduções nas concentrações de poluentes impõem secas severas na Amazônia
Roberta Jansen

Oequilíbrio climático na Floresta Amazônica é muito mais delicado e intrincado do que se imaginava. Novo estudo publicado na "Nature" mostra que, paradoxalmente, reduções nas concentrações atmosféricas de determinados poluentes extremamente maléficos à saúde humana e à do planeta podem exacerbar eventos de seca na região tão dramáticos quanto os registrados em 2005.

Assinado por cientistas britânicos e brasileiros, o estudo revelou que a diminuição do volume de partículas de dióxido de enxofre na atmosfera favorece a ocorrência de períodos mais secos - evento que pode ser letal para a floresta. Estima-se que, a partir de 2060, nove em cada dez anos sejam de secas intensas na floresta, o que levaria à rápida savanização preconizada para a área.

Mas que ninguém pense que o ar mais puro é indesejável, alertam Carlos Nobre e José Marengo, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), que participaram do estudo coordenado por Peter Cox, da Universidade de Exeter, no Reino Unido. Os poluentes fazem muito mal à saúde - são 3 mil mortes a mais por ano só na grande São Paulo, segundo a USP, por exemplo - e provocam chuvas ácidas. Para os especialistas, apesar de as partículas reduzirem um pouco o aquecimento global, seria "imoral" retardar a sua redução. Elas precisam ser eliminadas, asseguram.

Corte drástico de gás-estufa é a saída
A queima de combustíveis fósseis que contêm enxofre, como diesel e carvão, emite, além dos gases do efeito estufa, o dióxido de enxofre. Este gás, em reações químicas subseqüentes na atmosfera, se transforma em sulfato, um sal que reflete a luz. Ou seja, enquanto os gases-estufa fazem a temperatura global aumentar, o sulfato ameniza um pouco esse efeito ao refletir parte da luz do Sol de volta para o espaço. Essa redução seria de cerca de 0,5 grau Celsius em um século.

Esse efeito, mais intenso no Hemisfério Norte onde boa parte das termoelétricas queima carvão, levou a um resfriamento às águas do Atlântico Norte. Quando as águas desta parte do oceano estão mais frias, a floresta tende a ficar mais úmida. Entretanto, a redução das emissões de dióxido de enxofre - que vem sendo imposta justamente dados os seus malefícios - faz com que as águas apresentem temperaturas mais elevadas. A conseqüência desse intrincado desequilíbrio seria a ocorrência de mais períodos de seca na Amazônia. A única solução possível, dizem os cientistas, é a redução ainda mais drástica das emissões de gases-estufa.

- É uma interpretação errada do estudo achar que se deveria retardar a redução dos particulados; essa é uma maneira errada de olhar para o problema - alerta Carlos Nobre. - Não existe nenhuma justificativa ética possível para se retardar a limpeza do ar urbano. A solução é diminuir ainda mais rapidamente as emissões dos outros gases para compensar o efeito artificial dos aerossóis.

José Marengo concorda com o colega do Inpe:
- Certamente não se pode estimular a poluição no Hemisfério Norte. Estudos anteriores já demonstraram que com a redução significativa dos gases-estufa o efeito dos aerossóis se torna menos importante. Teríamos então menos secas porque haveria uma compensação.

Além dos malefícios à saúde, os poluentes também mascaram os efeitos do aquecimento do planeta, segundo Nobre:

- Os aerossóis estão mascarando o máximo impacto do aquecimento global; eles dão a ilusão de que o problema não é tão grave.



O Globo AMAZONAS
Nascente é localizada a 5 mil metros, nos Andes peruanos

Cientistas caminham pelo local em que localizaram a nascente do Rio Amazonas, nas montanhas Quehuisha, no Peru, 5.150 metros acima do nível do mar. Foram 12 anos de pesquisas, coordenadas pelo polonês Jacek Palkiewicz para que o ponto exato onde nasce o rio fosse apontado. O arroio Apacheta, no departamento (estado) de Arequipa, é a origem do mais caudaloso rio do mundo, segundo o estudo apresentado pela Sociedade Geográfica de Lima. Dessa forma, geólogos e geógrafos peruanos validaram as investigações feitas pelo explorador polonês, que empregou critérios hidrográficos e geomorfológicos para determinar o local. Os especialistas consideram que o estudo põe um ponto final à polêmica que já dura séculos sobre qual seria o verdadeiro manancial original do Amazonas. O local apontado pelos pesquisadores é diferente do ponto que até então se considerava como o mais provável para a nascente do rio - localizado a mais de 10 quilômetros das montanhas Quehuisha. Palkiewicz explicou que sua expedição seguiu o curso do rio "até as alturas andinas, eliminando afluentes e seguindo critérios geográficos" para identificar sua origem. Trata-se de um pequeno arroio que flui por uma camada de gelo subterrâneo.



Valor Econômico Lula decide criar mais postos militares na Amazônia

Após o acirramento dos conflitos na reserva indígena Raposa/Serra do Sol, em Roraima, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu ontem que o governo federal vai aumentar o número de postos militares nas áreas fronteiriças da Amazônia. A orientação do presidente foi transmitida aos ministros Tarso Genro (Justiça) e Nelson Jobim (Defesa), que deverão definir os números e os detalhes do texto do decreto a ser editado.

O ministro da Justiça negou que a decisão tenha sido provocada pela pressão das Forças Armadas, especialmente do Exército, após as críticas do comandante militar na Amazônia, general Augusto Heleno, que condenou a política indigenista do governo federal.

"Eu e o ministro Jobim vamos trabalhar para apresentar ao presidente Lula um decreto para a instalação de mais postos militares na Amazônia. Vamos constituir um programa de aumento desses postos", afirmou Tarso, depois de se reunir com Lula, Jobim e o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, no Palácio do Planalto.

No inicio da tarde de ontem, os índios deixaram a fazenda Depósito, na reserva Raposa/Serra do Sol, que havia sido ocupada na madrugada de segunda-feira. Uma funcionária da fazenda confirmou que os índios deixaram a área por volta das 13h30 e montaram novas tendas do outro lado da cerca.

O índio macuxi Dionito Souza, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), disse que os índios decidiram deixar o local até que o STF julgue as ações sobre a demarcação de terra da reserva. Segundo o CIR, os índios decidiram deixar a fazenda após reunião com representantes do Ministério da Justiça. A reserva é alvo de disputa entre índios e agricultores que cultivam arroz na região.

Após a decisão dos índios de desocupar a fazenda Depósito, na reserva Raposa/Serra do Sol, Tarso Genro negou que tenha ocorrido nos últimos dias um agravamento dos conflitos na região. Segundo ele, a tendência é de "distensão".

Otimista, o ministro disse que está convencido que após o julgamento das ações envolvendo a Raposa/Serra do Sol , será possível encerrar o impasse na região. "Vamos seguir a orientação do Supremo. Esta é uma posição de Estado", disse Genro.

O ministro-relator das 33 ações que tratam do assunto, Carlos Ayres Britto, do STF , disse ontem que concluirá seu voto até o fim da semana. Segundo ele, o esforço será para que o tema seja julgado pelo Supremo ainda este mês. Britto ressaltou que até a decisão do mérito, a liminar - que dá aos arrozeiros direito de ficar no local e determina que os indígenas não podem invadir as áreas em que vivem os produtores rurais - deve ser respeitada.

Para o ministro do Supremo, a Polícia Federal) e a Força Nacional de Segurança (FNS) atuaram corretamente na região, pois têm a atribuição de defender áreas federais.

"Toda atividade da Polícia Federal será pautada por dois parâmetros: a polícia não pode desalojar quem está região nem pode permitir que haja uma invasão da terra deles, porque, do contrário, os arrozeiros ficarão cercados na própria casa, convivendo com o inimigo", disse o ministro. "No mais, todo o cuidado e responsabilidade são do governo federal e das forças de segurança."